BRASÍLIA - O
presidente Lula (PT) assinou nesta segunda-feira (14) o decreto que regulamenta
a chamada Lei da Reciprocidade, instrumento que permitirá ao Brasil adotar
medidas em resposta à sobretaxa de 50% anunciada pelo governo Donald Trump para
produtos brasileiros.
Receba nossas notícias NO CELULAR
WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp.Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.
O decreto estabelece os procedimentos que devem ser adotados
para a aplicação da lei aprovada pelo Congresso em abril, que impõe a
reciprocidade de regras ambientais e comerciais nas relações do Brasil com
outros países. A proposta teve tramitação acelerada na Câmara e no Senado, com
apoio de ruralistas e governistas.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmou a jornalistas na tarde desta segunda que o decreto, assim como a norma aprovada pelos parlamentares, autoriza o Executivo a adotar medidas de "proteção do país quando medidas extemporâneas e extraordinárias forem adotadas de forma unilateral por outros países".
"Por isso a denominação reciprocidade. Para que o
Brasil possa responder num formato também rápido se outro país fizer medida
semelhante a essa anunciada pelos EUA", disse o ministro da Casa Civil.
Canais diplomáticos
O decreto de Lula deve prever que o parceiro comercial alvo
da reciprocidade seja comunicado pelos canais diplomáticos em cada fase do
processo, o que garante que a negociação seja mantida constantemente entre os
países - e serve até mesmo como uma forma de pressão para evitar qualquer tipo
de retaliação.
A Lei da Reciprocidade define como alvo qualquer país ou
bloco econômico que decida adotar medidas unilaterais e ações que prejudiquem a
competitividade internacional de bens e produtos brasileiros.
O modelo permite ao Brasil adotar contramedidas comerciais e
diplomáticas proporcionais quando países ou blocos econômicos impuserem
barreiras ambientais injustificadas aos produtos brasileiros. A Camex (Câmara
de Comércio Exterior) passa a ter papel central na aplicação de medidas,
garantindo uma abordagem mais técnica e menos suscetível a distorções
políticas.
Em vez de barreiras automáticas, o texto prevê consultas
diplomáticas coordenadas pelo Ministério de Relações Exteriores, possibilitando
a resolução de conflitos de forma negociada antes da aplicação de
contramedidas. A proposta também permite que o Brasil suspenda concessões
comerciais e de investimentos, bem como reavalie obrigações em acordos de
propriedade intelectual, garantindo mais flexibilidade na defesa dos interesses
nacionais.
Comitê interministerial
O decreto também deve criar oficialmente o comitê
interministerial anunciado pelo governo federal para discutir medidas de proteção
da economia brasileira. O grupo será presidido pelo vice-presidente, Geraldo
Alckmin, e será formado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira
(Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda). Outros ministros poderão
participar de reuniões temáticas do colegiado.
Trump anunciou a sobretraxa no último dia 9, em publicação
numa rede social. Produtos importados pelos EUA do Brasil são sobretaxados
atualmente em 10%, tarifa anunciada por Trump em 2 de abril. Ou seja, além das
tarifas de importação já cobradas, há uma cobrança adicional de 10%.
Um exemplo é o caso do etanol, de acordo com interlocutores.
Os americanos impunham uma tarifa de 2,5% ao produto, elevada a 12,5% após a
sobretaxa de 10%. Com o novo anúncio, a porcentagem sobe a 52,5% em agosto.
A sobretaxa não é adicionada a produtos que já sofrem
tarifas setoriais, como aço e alumínio, sobre os quais há tarifas de 50%.
BONDE NAS REDES SOCIAIS
Quer ficar por dentro de todas as notícias de Londrina, do Paraná e de todo o Brasil? Siga o nosso canal nas redes sociais e fique informado com as principais notícias do dia! Clique para ter acesso: Bonde no Telegram e Bonde no WhatsApp.
Quer mandar sugestões de pauta, dicas ou avisos ao Portal Bonde? Entre em contato pelo WhatsApp (43) 98458-1294.
Leia também: