O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira (4) a
proposta de projeto de lei que regulamenta o trabalho de motorista de
aplicativo. O texto do projeto de lei complementar será enviado para
votação no Congresso Nacional. Caso seja aprovada pelos parlamentares,
passará a valer após 90 dias.
No projeto, o governo propõe o
valor que deve ser pago por hora trabalhada e contribuição ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
Eles terão direito a receber R$ 32,90 por hora de trabalho. Desta forma, a renda mínima será de R$ 1.412.
“Vocês
acabaram de criar uma nova modalidade no mundo de trabalho. Foi parida
uma criança no mundo trabalho. As pessoas querem autonomia, vão ter
autonomia, mas precisam de um mínimo de garantia”, disse o presidente
Lula após a assinatura do documento.
O presidente acrescentou que a categoria deverá trabalhar para convencer os parlamentares a aprovar a proposta.
A proposta de projeto de lei é resultado de grupo de trabalho, criado em maio de 2023, com a participação de representantes do governo federal, trabalhadores e empresas, e que foi acompanhado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT).
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o grupo discutiu se os motoristas de aplicativo deveriam ser enquadrados nas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo Marinho, a maioria da categoria optou pela autonomia com garantia de direitos.
“O que nasce aqui é uma organização diferenciada: autônomo com direito. Poderão ficar vinculados a tantas plataformas quiserem, organizarem seus horários, mas terão cobertura de direitos”, ressaltou o ministro.
Outras regras previstas no projeto
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Criação da categoria “trabalhador autônomo por plataforma”
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Os motoristas e as empresas vão contribuir para o INSS. Os trabalhadores pagarão 7,5% sobre a remuneração. O percentual a ser recolhido pelos empregadores será de 20%.
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Mulheres motoristas de aplicativo terão direito a auxílio-maternidade
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A jornada de trabalho será de 8 horas diárias, podendo chegar ao máximo de 12
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Não haverá acordo de exclusividade. O motorista poderá trabalhar para quantas plataformas desejar.
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Para cada hora trabalhada, o profissional vai receber R$ 24,07/hora para pagamento de custos com celular, combustível, manutenção do veículo, seguro, impostos e outras despesas. Esse valor não irá compor a remuneração, tem caráter indenizatório.
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Os motoristas serão representados por sindicato nas negociações coletivas, assinatura de acordos e convenção coletiva, em demandas judiciais e extrajudiciais.
No Brasil
Conforme
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
2022, o país tinha 778 mil pessoas trabalhando em aplicativos de
transporte de passageiros, o equivalente a 52,2% dos trabalhadores de
plataformas digitais e aplicativos de serviços. Outro indicador mostra
que 70,1% dos ocupados em aplicativos eram informais.
Na
cerimônia, o presidente do Sindicato de Motoristas de Aplicativo do
Estado de São Paulo, Leandro Medeiros, afirmou que mais de 1,5 milhão de
famílias no país dependem da renda gerada por transporte de passageiros
por aplicativo.
Ele pediu que o governo avalie a criação de uma
linha de crédito para que a categoria possa financiar a troca dos
veículos que, segundo ele, vive “refém das locadoras de veículos”. O
presidente Lula afirmou que tratará do tema com os bancos.
Já o
diretor executivo da Associação de Mobilidade e Tecnologia, André Porto,
destacou que a proposta concilia “avanço tecnológico com direitos
sociais”.