O londrinense tem orgulho da cidade em que mora e sente que a segurança nas ruas aumentou, mas considera que os cuidados com as áreas públicas vêm caindo nos últimos anos. Essas são algumas das conclusões possíveis de se chegar ao analisar o 20º Manual de Indicadores de Desenvolvimento 2025 e a 15ª Pesquisa de Percepção da População, lançados nesta quinta-feira (4) pelo Fórum Desenvolve Londrina, na Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina).
Usando dados de fontes secundárias e primárias, o Manual de Indicadores aponta os avanços econômicos e quais caminhos devem ser seguidos para seu fortalecimento. Já a Pesquisa de Percepção demonstra como a população percebe a qualidade de vida na cidade e quais áreas avançam ou precisam de maior atenção do poder público e da sociedade civil.
O coordenador da Comissão de Pesquisas do Fórum Desenvolve Londrina, Fábio Pozza, reforça a importância de observar os contrastes entre os avanços e os pontos críticos. Ele aponta que a percepção de segurança entre os londrinenses vive seu melhor momento em uma década. “Há dez anos, apenas 35% diziam se sentir seguros ao caminhar pelo próprio bairro. Hoje, 67% afirmam que se sentem seguros. Inverteu completamente: antes dois terços diziam que não; agora dois terços dizem que sim”, destacou.
Outro indicador que mostra melhora consistente é a percepção sobre a oferta de emprego. Desde 2019, o índice cresce ano após ano. “É um movimento contínuo de seis anos, que mostra como a cidade tem ampliado oportunidades”, afirmou Pozza.
Em contrapartida, dois indicadores continuam em tendência negativa. O primeiro é a avaliação do cuidado com áreas públicas, que cai de forma constante desde 2021 e reflete a insatisfação da população com a aparência e manutenção da cidade. O segundo é a falta de vagas em creches e no ensino infantil — problema considerado “crônico” pelo pesquisador. “Hoje, cerca de 60% das pessoas que precisam do serviço entendem que não há vagas suficientes. Apenas 38% dizem que sim”, explicou.
Pozza também ressaltou a importância do Manual como ferramenta de gestão e planejamento. Para ele, só é possível melhorar aquilo que é medido. “Para qualquer melhoria, o primeiro passo é saber onde estamos. O Manual serve exatamente para isso, para que gestores públicos, empresas e a própria população conheçam a realidade e possam agir sobre ela.”
Para Renato da Rocha Neto, da Litz Estratégia e Marketing, responsável pela análise dos dados, o valor do estudo está justamente no histórico acumulado. Segundo ele, Londrina ainda é reconhecida como uma boa cidade para viver, mas apresenta uma tendência de queda — ou de desigualdade — na percepção de qualidade de vida entre diferentes grupos sociais.
“Há estratos que mantêm uma percepção melhor e outros que não. E isso se agrava quando analisamos a sensação de cuidado com a cidade. Há três ou quatro anos percebemos uma queda contínua na percepção sobre a manutenção dos espaços públicos”, afirmou. O analista destacou que, embora haja avanços em áreas estruturais como educação, saúde e segurança, a população reage fortemente ao que encontra no cotidiano. “O tráfico de drogas no bairro, o buraco na rua… Se não olharmos para esses elementos do dia a dia, os macroindicadores não serão suficientes para melhorar a percepção geral.”