Enquanto aguardam uma negociação do governo federal com o governo norte-americano na tentativa de baixar a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos importados do Brasil, representantes dos setores impactados pelo tarifaço no Paraná pleiteiam medidas de auxílio com o intuito de preservar empregos e negócios.
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Em live realizada nesta terça-feira (5), pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), foram apresentadas as reivindicações já encaminhadas aos governos federal e estadual.
Junto ao governo de Ratinho Junior, as indústrias pleiteiam cinco medidas: a liberação do saldo de crédito do ICMS habilitado no Siscredi e em conta-gráfica para imediata monetização; redução do percentual de 80% para 50% para definição das empresas preponderantemente exportadoras; criação de linhas de crédito específicas com juros subsidiados e acesso facilitado ao programa Fomento Paraná e ao BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul); postergação do pagamento das parcelas referentes a financiamentos junto ao Fomento Paraná e BRDE sem prejuízo da contratação de novos financiamentos e suspensão das medidas de controle e fiscalização dos projetos de investimento do Paraná Competitivo.
Segundo o superintendente da Fiep, João Arthur Mohr, todos os itens da pauta de reivindicação foram apresentados em reunião com a Secretaria Estadual da Fazenda, que teria sinalizado positivamente ao atendimento a cada um deles.
Ao governo federal, as propostas de medidas emergenciais de crédito foram apresentadas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) de forma unificada. A lista com oito itens inclui, entre outros, a criação de linhas de financiamento emergencial no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a ampliação do prazo máximo entre a contratação e a liquidação do contrato de câmbio de exportação nas modalidades ACC e ACE de 750 dias para 1,5 mil dias, adiar e parcelar o pagamento de todos os tributos federais, incluindo as contribuições previdenciárias e ampliar o programa Reintegra, com elevação de 3% da alíquota de ressarcimento de tributos residuais nas exportações.
O objetivo dos exportadores impactados pelo tarifaço com as medidas é colocar dinheiro em caixa nas empresas em um momento de muitas incertezas em relação à manutenção dos contratos. De acordo com a Fiep, algumas das propostas feitas ao governo federal estão em análise e devem ser anunciadas nos próximos dias.
Coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais da Fiep e superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), Paulo Pupo esteve em Brasília, na última segunda-feira (4), onde participou do encontro entre setores exportadores e ministros de Estado e disse ter voltado desanimado da capital federal. “Cinco dias após o (detalhamento) tarifaço, não temos uma estratégia de negociação. Se o governo não abrir um canal com o governo dos EUA, não conseguiremos avançar. A negociação deve ser técnica e diplomática, sem o componente político.”
No Paraná, o setor madeireiro foi um dos mais impactados pelo tarifaço e, em termos de volume, foi o mais afetado. As indústrias do Estado têm uma forte dependência do mercado norte-americano. As indústrias de moldura exportam 97% de sua produção aos EUA.
Em 2024, dos cerca de US$ 1,6 bilhão exportados pelo Paraná aos EUA, as vendas de madeira somaram mais de US$ 614 milhões, o que correspondeu a 39% da pauta de exportações do Estado. Nas exportações do Brasil, a madeira ocupa o décimo lugar em volume.
“O governo fala em plano B, mas não existe plano B fora do mercado americano para os mais de US$ 600 milhões”, disse Pupo.
Além do setor madeireiro, no ranking dos mais impactados pela taxação de Trump estão o metalmecânico papel e celulose, couro, pescados, cerâmica, móveis, café, automóveis, suco de laranja, mel natural, carne de boi e siderurgia.
Embora os EUA estejam em segundo lugar na classificação dos países que mais consomem produtos brasileiros, com US$ 1,587 bilhão em 2024, logo abaixo da China, com US$ 8,79 bilhões, as mercadorias enviadas aos Estados Unidos têm maior valor agregado.
Perder o mercado norte-americano, disse Pupo, será um desastre para a economia paranaense. O setor da madeira, por exemplo, no qual ele atua, emprega mais de 38 mil trabalhadores no Estado. Alguns municípios, como Bituruna, União da Vitória, Imbituva e Guarapuava, têm boa parte de sua economia sustentada pela indústria madeireira. Em Bituruna, 87% da população vive em torno desse setor.
O tarifaço entra em vigor nesta quarta-feira (6) e a expectativa dos empresários do Paraná é que as negociações prometidas pelo governo federal sejam capazes não apenas de reduzir o percentual da taxação, que nos atuais 50% colocam o Brasil como o país com a maior taxa mundial, mas consigam baixar para um nível que permita às industrias paranaenses competirem em situação de igualdade com outras nações, como o Chile, por exemplo, taxado em 10%. “A indústria do Paraná toda está exposta. Não tem ganha-ganha. Todos estamos perdendo”, resumiu Pupo.
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