Na segunda parte da entrevista com a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), líder do Bloco
Parlamentar da Agricultura Familiar na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), ela traz bons
exemplos de inovação na agricultura familiar:
Leia mais:
Estudo aponta que salário mínimo pode chegar a R$ 1.524 em 2025 com alta da inflação
Governo propõe uso do Pix como garantia para empréstimos
PGR vai ao Supremo para julgar constitucionalidade das bets
Fim da escala 6 X 1 é 'ideia estapafúrdia', diz presidente da associação de bares e restaurantes
3) Inovação depende, dentre outros, de mentoria, algo que na agricultura familiar é feito
geralmente pelo extensionista rural, profissional cada vez mais requisitado, mas que
muitas vezes não dá conta da demanda cada vez mais elevada. De que forma a senhora
vem atuando no sentido de possibilitar que o pequeno agricultor tenha acesso às novas
tecnologias?
Pela defesa constante de políticas públicas de valorização da agricultura familiar e batendo na
tecla de que precisamos ampliar a dotação orçamentária da SEAB para poder investir em
ampliar a ATER. Seja pela contratação de profissionais para o quadro do IDR, mas para
estimular parcerias com as universidades das diversas regiões – como acontece com o projeto da
UMIPTT no Sudoeste ou em pesquisas junto à UTFPR e Unioeste, entre outras – e com a
própria Embrapa, com entidades e cooperativas do setor, via também as iniciativas e os
consórcios regionais. Há inúmeras possibilidades de expandir as ações, se tivermos recursos
rubricados no orçamento e compromisso na execução e priorização dessas ações pelo governo.
4) A inovação social ainda engatinha no Brasil e no Paraná. Quando se traça um paralelo
com o campo, o cenário é o mesmo, pois são poucas as iniciativas que já trouxeram
resultados concretos, a exemplo da Amucafé, apoiada pelo IDR Paraná. Como é possível
alavancar esse tipo de empreendimento social no campo?
Você tem razão. No mundo empresarial, por exemplo, as próprias práticas de ESG, de
governança ambiental, social e corporativa, são uma necessidade, mas pouco implementadas na
prática. No campo, o passo é ainda mais lento e a distância é ainda maior, quando olhamos para
as relações de trabalho e as condições socioeconômicas dos trabalhadores e trabalhadoras das
grandes corporações agroindustriais.
Daí, novamente, nossa defesa permanente das ações cooperativistas e das relações solidárias
estabelecidas no meio da agricultura familiar e por suas entidades representativas. Desde as
associações e cooperativas de produção, às de comercialização e de crédito solidário, que tem
por natureza a razão de ser de promover esse conceito de inovação social, de respeito à natureza,
proteção de fontes, de matas ciliares, de preservação dos saberes, da cultura, das sementes.
Olhe para o exemplo da Cresol, da Assesoar há mais de 50 anos, das cooperativas de
comercialização do MST, do impacto do programa de habitação rural, em parceria com as
cooperativas de habitação da agricultura familiar, da parceria na merenda escolar com as
cooperativas de alimentos orgânicos, das iniciativas e fomento ao turismo rural e do modo de
vida no campo. Seja prestando serviços-meio ou ofertando produtos diferenciados, que chegam
até mercados mais exigentes pela exportação, como a Amucafé faz, a gente colhe resultados que
só confirmam a necessidade de priorizar, investir e apoiar a agricultura familiar.
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)