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Era preciso recuperar a confiança do mercado, diz executivo sobre criptomoeda nos esportes

Luciano Trindade - Folhapress
20 set 2024 às 12:00

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- iStock
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Para fãs de esporte, a onipresença das corretoras de criptomoedas se tornou uma realidade inescapável nos últimos anos, com nomes de empresas do setor estampados em camisas de times, estádios, carros de corrida e em comerciais de televisão.

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Dois anos depois de enfrentar uma crise global, marcada por quedas acentuadas nos preços e a falência de grandes plataformas, as companhias retomaram patrocínios apostando no esporte como um meio de aumentar a visibilidade e legitimidade do setor, além de reparar os arranhões causados pelo colapso que deixou no prejuízo atletas, clubes e ligas ao redor do mundo.

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"Quando explodiu todos esses acontecimentos, uma das coisas que ficaram muito claras para a gente era que nós também, dentro dessa indústria, teríamos a responsabilidade de reconquistar essa confiança", diz Guilherme Sacamone, designado para ser o diretor-geral do recém-criado escritório da OKX no Brasil.


A empresa é considerada a segunda maior "exchange" global em volume de negociações, de acordo com os dados da consultoria Blockworks, com mais de 20 milhões de usuários em 180 países -"exchange" é como são chamadas as empresas que comercializam criptoativos, como moedas digitais e NFTs. A Binance é a líder desse setor.

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Nenhuma das duas estavam envolvidas no escândalo de pirâmide financeira que provocou a falência da FTX, até então uma das maiores do ramo, que além de deixar seus investidores no prejuízo, não cumpriu com diversos contratos de patrocínios.


Figuras como Tom Brady e Naomi Osaka perderam investimentos substanciais em ações -o ex-jogador de futebol americano perdeu US$ 52 milhões (R$ 285 milhões) da noite para o dia, enquanto a extensão das perdas da tenista não se tornaram públicas.

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Equipes da NFL e da F1 também foram afetadas, como no caso da Mercedes, que apagou a assinatura da FTX dos carros de George Russell e Lewis Hamilton.


A crise levou a uma retração nos patrocínios, com ligas esportivas se tornando ainda mais cautelosas em relação a novos acordos com empresas de criptomoedas. "Por mais que tenham sido casos específicos e isolados, no fim do dia, como imagem, acabou afetando toda a indústria de cripto", reconhece Sacamone.

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O impacto interrompeu a expansão do emergente mercado, que surgiu em 2009, com a criação do bitcoin, a primeira moeda digital, e que só começou a furar sua bolha em 2019, com os patrocínios esportivos.


De janeiro de 2021 a agosto de 2022, as empresas do setor investiram US$ 2,4 bilhões (R$ 13 bilhões) em patrocínios esportivos, segundo estimativas da Bloomberg. O valor representa um aumento de 1.100% em comparação a 2019, segundo dados da Nielsen. O colapso impediu a previsão da consultoria de que essas companhias iriam atingir a marca de US$ 16 bilhões (R$ 87 bilhões) em marketing esportivo até 2026.

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Mas a recuperação já está em curso. De acordo com a SponsorUnited, responsável por coletar dados do setor, atualmente existem mais de 118 marcas de criptomoedas executando alguma forma de marketing esportivo nos Estados Unidos e na Europa.


Em março deste ano, por exemplo, a Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) encaminhou ao mercado uma solicitação de propostas de corretoras de criptomoedas para a Champions League. Desde 2023, a NFL (National Football League) também permitiu que seus clubes buscassem parceiros no mundo das criptomoedas.

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Nem todos os contratos, no entanto, foram afetados pela crise de 2022. Semanas depois colapso no setor, a OKX anunciou em maio daquele ano um acordo de patrocínio com o Manchester City. De acordo com a Forbes, o vínculo de três anos vai render US$ 70 milhões (R$ 383 milhões) ao clube inglês. Na sequência, foi a vez de a McLaren se juntar à companhia de criptomoeda -o valor do acerto, porém, não foi revelado.


Ao patrocinar a equipe de F1, a empresa buscou se aproveitar do bom momento vivido pela categoria, que tem conseguido rejuvenescer seu público na esteira do sucesso da série da Netflix Drive to Survive. Além disso, por meio da parceria, a corretora também buscou criar uma identificação com o público brasileiro, por meio de homenagens a Ayrton Senna (1960-1994), que ganhou seus três títulos na F1 pela McLaren.


"A McLaren ama o Senna. Muitos membros da nossa equipe também o amam. Então, a conversa sobre ele não é apenas sobre o Brasil, mas é também uma celebração global", diz o diretor de marketing da OKX, Haider Rafique.


A primeira ação dessa celebração ocorreu no GP de Mônaco, em maio, quando os dois carros da McLaren receberam uma nova pintura, com as cores amarelo, verde e azul, inspiradas no capacete do tricampeão. Também são esperadas novas homenagens no GP de Singapura, neste domingo (22), e na etapa brasileira, em 5 novembro.


"Antes [da parceria com a McLaren], nós não tínhamos uma reputação. Ninguém nos conhecia na indústria esportiva. Só nos conheciam no setor das criptomeodas", reconhece Rafique. "Então, parte da razão pela qual eu consegui convencê-los da parceria foi a nossa paixão em comum pelo Senna e pela F1", finaliza.

Repórter viajou a convite da empresa OKX


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