Economia

Cresol cresce passando da incremental para a disruptiva

31 out 2022 às 08:28

Quando o assunto é inovação, pensamos de imediato naquelas mudanças radicais. Se for uma

máquina, por exemplo, já imaginamos aquele computador de última geração que num piscar de

olhos processa as informações. Hoje, porém, venho falar daquela inovação que geralmente a

gente não se lembra, mas faz uma diferença muito grande: a inovação incremental.


Tecnicamente, existem três tipos de inovação: incremental, radical e disruptiva. Esta pode ser

caracterizada como produto ou serviço que ganha mercado por ser mais barato e depois

abocanha fatias maiores do setor, substituindo os concorrentes estabelecidos. Bom exemplo é o

que se tornou o Airbnb que hoje é a maior empresa de hospedagem do mundo sem um único

quarto sequer. Inovação radical é a completa transformação de um produto ou serviço. Veja o

que está acontecendo no setor automotivo com os motores elétricos. Já a incremental, que é meu

foco hoje, é um incremento sutil em relação a um produto ou processo já existente. Para explicar

esse conceito teórico vou me valer do bom exemplo da Cresol.


Neste ano, até o mês passado, a Cresol realizou mais de 71 mil operações com crédito do Banco

Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em um somatório de R$ 4,3

bilhões. Estes números expressivos fizeram da Cresol a instituição financeira que mais operou

créditos com o BNDES no Brasil. A cooperativa de crédito ficou em primeiro em três

categorias: operações para pessoa física, com quase 68 mil contratos aprovados; no ranking para

micro, pequenas e médias empresas, com aproximadamente 72 mil contratos; e ainda nas

operações para programas agrícolas, com quase R$ 3,8 bilhões de movimentação.


A cooperativa de crédito que começou focada no segmento agrícola, inovou e expandiu suas

operações para outros setores antes poucos expressivos em seu portifólio, como no crédito para

pessoa física. Um segmento de mercado outrora altamente dominado por grandes instituições

financeiras, mas que agora tem concorrentes fortíssimos como a Cresol, que não só abocanhou

uma fatia significativa de mercado, como se tornou líder!


Tecnicamente falando, a inovação que era incremental em seu início, quando a Cresol mudou

seus serviços para oferecer algo diferenciado e atender um público diferente, se tornou

disruptiva porque atualmente ela se tornou líder no segmento. Muito se fala atualmente das

startups fintechs como exemplos de inovação radical e disruptiva, mas nenhuma delas se tornou

líder nos segmentos que citei.


O exemplo da Cresol nos mostra muitos aspectos interessantes, mas um chama bastante a

atenção. Para se tornar a maior liderança no Brasil a Cresol não se valeu da compra de

tecnologia de última geração, como ocorre com a grande maioria das empresas. Pelo contrário,

foi o foco nas pessoas e no relacionamento pessoal com o cliente, que garantiu o crescimento

acelerado e constante. Outra inovação que faz toda a diferença ;)


*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da

Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

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