A espanhola Aena, que ganhou a concessão de Congonhas, anunciou nesta segunda-feira (25) que assumirá o aeroporto da zona sul de São Paulo no próximo dia 17 de outubro e que vai construir um novo terminal de passageiros. O prazo para a entrega vai até junho de 2028.
Segundo Santiago Yus, diretor-presidente da Aena no Brasil, a construção de um novo terminal é necessária para aumentar a distância entre a pista de táxi e a principal, cuja distância hoje é menor que a prevista pela legislação.
Yus não tinha em mãos a distância entre as pistas durante a entrevista coletiva, mas afirmou que ficará em 158 metros. Para isso, o terminal e as pontes de embarque "precisam se deslocar". Todas as 12 pontes de embarques serão retiradas, e a estimativa é que no novo projeto sejam ampliadas para no mínimo 20.
Leia mais:
Governo do Paraná vai investir em obras em SC para devolver royalties de petróleo
Receita abre consulta a lote da malha fina de novembro do Imposto de Renda
Mulheres são as mais beneficiadas pelo aquecimento do emprego formal no país
Consumidores da 123milhas têm uma semana para recuperar valores; saiba como
O executivo disse ainda não saber como amenizar a transição entre os dois terminais sem prejudicar a operação do aeroporto, mas afirmou que o impacto terá de ser o menor possível para a malha aérea nacional.
Quanto aos investimentos de curto prazo, com prazo de entrega até 2026, o plano inclui a ampliação da sala de embarque remoto, a readequação de vias de acesso, a reforma de banheiros e a revitalização da fachada.
Na segunda etapa, com previsão de entrega até junho de 2028, além da construção do novo terminal estão previstas a revitalização dos pavimentos da pista de táxi e a ampliação do pátio de aeronaves, com novas posições de contato.
Os projetos devem ser entregues até o fim do ano à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Em agosto de 2022, a Aena arrematou os 11 aeroportos a um custo total de R$ 2,45 bilhões (R$ 2,54 bilhões, em valores corrigidos) no leilão. São eles Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Parauapebas (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG). O grupo espanhol foi o único interessado no leilão.
A concessionária vai assumir os aeroportos entre os dias 10 de outubro (Uberlândia-MG) e 30 de novembro (Altamira-PA).
A empresa diz ter realizado um plano de transferência, com visitas técnicas e quase 14 mil horas de treinamento com mais de 170 profissionais que vão atuar nos aeroportos.
PLANO DE CONCESSÃO
O PEA (Plano de Exploração Aeroportuária) determina para a concessionária a realização, em até cinco anos, de investimentos que melhorem o atendimento dos passageiros e isso inclui a ampliação da estrutura.
Entre eles está o de adequar a capacidade de processamento de passageiros e bagagens no aeroporto, incluindo terminal, estacionamento de veículos, vias terrestres associadas e outras infraestruturas de apoio.
"Um dos principais ganhos com o programa de concessão de aeroportos é a ampliação da capacidade aeroportuária e as melhorias das condições de infraestrutura de forma geral, por meio de intervenções e investimentos em terminais de passageiros, sistemas de pistas e pátios de aeronaves, entre outras estruturas", diz a Anac.
Segundo consultoria contratada pela agência, são necessários R$ 2,1 bilhões para se atingir as metas necessárias de modernização de Congonhas.
Em novembro do ano passado, o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Aena no Brasil, Marcelo Bento Ribeiro, afirmou à reportagem que a empresa espanhola deverá investir mais que esse valor.
Criada em 1991, a Aena é a maior operadora do mundo em número de passageiros. Sua vitrine é o aeroporto de Madri-Barajas, na Espanha, um dos mais importantes da Europa.
Em seu país natal, a companhia gere 46 aeroportos, além de um no Reino Unido, 12 no México, dois na Colômbia, dois na Jamaica e, agora, 17 no Brasil. No total, são 80 terminais no mundo.
Em fevereiro, a Anac decidiu penalizar a Aena por falta de qualidade em serviços prestados no terminal do Recife. Entre as falhas observadas pela agência estavam problemas nos sistemas de processamento de bagagens no embarque e de devolução das bagagens no desembarque. Outra reclamação era a baixa qualidade do sistema de ar-condicionado.
Já o terminal de Maceió, de porte menor e também administrado pela Aena, está em terceiro entre os melhores do país.