Economia

Avaliada em R$ 57 milhões, fintech londrinense de minibancos recebe aporte de R$ 5,5 mi

30 ago 2022 às 19:15

Em um momento crítico para startups, com demissões em massa para reduzir custos em busca de equilíbrio de caixa, a fintech londrinense Bankme se aproxima de seu segundo aniversário com a captação de R$ 5,5 milhões. Fundada em setembro de 2020, a jovem financeira tecnológica é avaliada pelo mercado em R$ 57 milhões.


A rodada de investimentos que culminou com o aporte atraiu a atenção da Domo Invest, Apex Partners, Bamboo Capital Marlets e do investidor de startups Aury Ronan Francisco. Segundo o CEO da Bankme, Thiago Eik, “o aporte aumenta o grau de curva de crescimento [da startup] e traz um nível de expertise de fundos da Faria Lima (avenida paulistana famosa por ser um centro financeiro nacional), que agregam e abrem portas importantes, ainda mais para quem está no interior”.


Eik ainda ressalta que os investimentos chegam no “pior momento da última década para investimentos em startups”. “Isso quer dizer que foi reconhecido o valor do nosso produto e da competência do nosso time”, diz o CEO.


Para ele, o que trouxe segurança para os investidores é a postura “pé no chão” da Bankme, contrária à cultura de muitas startups de queimar caixa para crescimento acelerado. “Por isso, atingimos nosso breakeven (ponto de equilíbrio financeiro) rapidamente e, como os investidores entenderam isso, compreenderam que estávamos seguros para receber os recursos”, afirma Eik.


O aporte, como já disse o CEO, vai permitir acelerar o crescimento da fintech, que já ocorre organicamente. Entre janeiro de 2021 e agosto de 2022, a Bankme viu seu valuation subir de R$ 20 milhões para os atuais R$ 57 milhões e os minibancos aumentarem de três para sessenta. A equipe de colaboradores, que era de 12, hoje tem 55 pessoas e deve crescer mais, com a mudança de sede um novo imóvel na avenida Maringá.


A atuação da Bankme permite que empresas com faturamento anual a partir de R$ 60 milhões possam fazer operações de crédito a juros mais baixos e com menos burocracia que os bancos tradicionais. Entre as empresas que aderiram ao modelo, estão marcas conhecidas do londrinense, como Léo Cosméticos, Hydronorth, Vale Verde, Midiograf e Tamarana Metais, entre outros.


Sendo dona de seus próprios bancos, as empresas reduzem a burocracia e ainda fazem os ativos aumentarem. As operações, que são executadas pela fintech, podem ser controladas por navegadores ou dispositivos móveis.


Mercado aberto


Para utilizar a solução multiplataforma, o cliente precisa estar disposto a movimentar a partir de R$ 1 milhão em operações de crédito. As modalidades de operação mais comuns são a Intercompany - antecipação do contas a receber; Risco Sacado - antecipação de recebíveis para fornecedores, com foco no aumento da lucratividade pelo alongamento do prazo de pagamento e Antecipação de Crédito Futuro (ou Fomento à Produção) - operação de crédito para compra de insumos para produção.


“Na Bankme, o cliente equilibra o fluxo de caixa e, ao mesmo tempo, fomenta seu ecossistema produtivo. Empresas ou indivíduos que desejam montar sua própria securitizadora, ou que já possuem a sua factoring, podem migrar todo o serviço operacional para a plataforma e dispensar a necessidade de uma estrutura física. Além disso, eles podem contar também com a nossa expertise para construção de operações, análise creditícia, cobrança, contabilidade, gestão sistêmica e muito mais. Nossos clientes cuidam apenas da prospecção comercial, a qual, inclusive, oferecemos auxílio estratégico e gerencial”, explica Eik.


Ao todo, a startup já implementou 54 estruturas financeiras e atualmente possui 42 minibancos em operação espalhados por todo o Brasil, com clientes como Guichê Virtual, Vale Verde, Tmov, Hydronorth, Natufert, dentre outros, no portfólio.


Segundo Eik, a condução das políticas financeiras dos últimos anos foram positivas, uma vez que propiciou a abertura do mercado que permitiu a atuação da fintech. “[Políticas como o] Open banking, open finance e o pix permitiram uma série de atuações que antes estavam restritas a cinco grandes instituições financeiras. Nossa expectativa é que o mercado continue assim, para que mais fintechs possam continuar a oferecer novas opções para os consumidores. O Brasil não pode andar para trás e fechar o que já foi aberto”, avalia.


Projeção em tempo recorde


Para o sócio-fundador e gestor da DOMO Invest, Felipe Andrade, a democratização de acesso ao crédito trazida pela Bankme torna-se essencial para um fluxo de caixa saudável. “A Bankme criou um modelo vencedor que simplifica muito a entrada de empresários, empreendedores e seus negócios na economia real, ou seja, a obterem retornos financeiros em sua própria cadeia produtiva. Com estrutura tecnológica sólida, time treinado, e operando dentro do arcabouço regulatório vigente, a Bankme traz um valor agregado imenso para todo o ecossistema. Estamos muito felizes em fazer parte dessa transformação que a startup está viabilizando”, declara Andrade.


O Head de Venture Capital da Apex Partners, Felipe Caroni, destaca que a Bankme atende um problema relevante do mercado brasileiro, com muito espaço para crescimento. “Sem dúvidas, a solução é pioneira e única no país. O serviço prestado é altamente escalável e a startup mostrou boa eficiência de capital, atingindo níveis relevantes de crescimento e faturamento em pouco tempo após o primeiro aporte. Esses fatores, somados à experiência de mercado dos fundadores, motivaram a nossa aposta. Como consequência dessa estrutura enxuta, que auxilia em uma dor real do mundo dos negócios, enxergamos que, no longo prazo, a Bankme será um dos players mais relevantes do middle market, assim como um negócio de margens altas”, afirma Caroni.


Já o fundador e CPO do Bamboo Capital Markets, Arthur O’Keefe, ressalta que apoiar a Bankme se encaixa no objetivo da companhia de promover o crescimento de bons originadores de crédito em todo o Brasil. “O Bamboo facilita o investimento em crédito privado com confiança e transparência. Logo, a missão da Bankme de oferecer crédito justo e sustentável a empresas e executivos de alta qualidade, porém, carentes de recursos, se encaixa perfeitamente no nosso foco. Estamos orgulhosos de apoiar o fundador e a equipe mais ampla da Bankme em seu nobre empreendimento”, declara O’Keefe.


Por fim, o investidor Aury Ronan Francisco acredita que o futuro do mercado financeiro é a descentralização e que a startup está dando os primeiros passos para se posicionar como referência nessa área de atuação. “Eu acredito que o mercado financeiro, tal como estruturado hoje, só provê crédito para quem tem dinheiro. Os bancos não conseguem, e não querem, descentralizar a decisão de crédito e, por isso, não atendem os pequenos negócios como deveriam. Quando, eventualmente, atendem a essa demanda, cobram taxas de juros altíssimas, quase proibitivas. São propostas como a Bankme que descentralizam o modelo financeiro e viabilizam o acesso a soluções de crédito que geram liberdade e oportunidade para quem quer empreender”, diz Francisco.

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