Usuários de Apple Pay e Samsung Pay ainda não têm acesso garantido ao Pix por aproximação, próxima fase da tecnologia de pagamento do Banco Central que será ofertada a partir de fevereiro de 2025. As fabricantes, no entanto, negociam entrada no sistema.
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Ao contrário do Google, desenvolvedor do Android, Apple e Samsung ainda não se credenciaram junto ao BC como "iniciadoras de pagamento" e, pela regra atual, não poderiam oferecer o Pix por aproximação em suas carteiras digitais.
O BC determinou que, para oferecer a ferramenta, as carteiras digitais terão que fazer parte do ecossistema do Open Finance, o que requer o cadastro junto ao órgão para "preservar a segurança e o sigilo do processo". Atualmente, Apple e Samsung não são instituições cadastradas no BC e não fazem parte do sistema Pix.
As fabricantes, por outro lado, entendem que isso não seria necessário por considerarem que a funcionalidade terá uso muito similar aos cartões cadastrados na carteira Apple Pay, e a responsabilidade pelas transações seguiria com as instituições financeiras.
No caso do Pix por aproximação, porém, será necessário que o usuário vincule sua conta bancária à carteira digital, o que exige envolvimento maior da dona do sistema operacional.
Com o Pix por aproximação, o BC quer facilitar o sistema de pagamentos, hoje condicionados ao escaneamento de QR Codes e à inserção de chaves, o que requer alguns passos adicionais dentro do aplicativo dos bancos.
No novo sistema, o usuário irá cadastrar contas de sua preferência na carteira digital, que atuará como iniciadora de uma transação Pix, sem a necessidade de abrir o app do banco ou fazer uma transação manualmente. Será da mesma forma que os cartões cadastrados nos smartphones. Para a segurança dos usuários, uma senha, usualmente a do próprio aparelho, será requisitada a cada transação.
No momento, Apple e Samsung estão em conversa com o BC para poderem ofertar o Pix por aproximação sem serem reguladas pelo órgão. Caso contrário, elas terão que tentar o registro, cuja aprovação pode levar meses.
Sem o aval do BC, para que usuários dos aparelhos Apple usem a nova ferramenta, a empresa terá que liberar carteiras de outros desenvolvedores em seus dispositivos, como antecipado pelo Financial Times.
Mas expectativa é que poucas carteiras digitais operem no iOS porque a gigante americana cobra uma que varia de 0,12% a 0,17% da transação.
Segundo o setor financeiro, o custo da Apple fere o princípio de isonomia entre os pares, já que fintechs menores podem deixar de ofertar seus produtos para usuários de iOS por não conseguirem arcar com as taxas.
Segundo Gabriela Szprinc, chefe de negócios e produtos da Dock, uma iniciadora de pagamentos habilitada, o processo de credenciamento para atuar como parceiro Apple é criterioso e poucas empresas devem conseguir passar no filtro. "Nós vamos tentar e estamos empolgados com a oportunidade."
Procurada, a Apple não respondeu à reportagem se planeja se credenciar para atuar como iniciadora de pagamentos.
A Samsung também não respondeu se irá habilitar o Samsung Pay. Todavia, donos de aparelhos da fabricante coreana podem baixar carteiras digitais já habilitadas, como a própria Google Pay.
Interessada neste mercado, a big tech se adiantou e já oferece o pix por aproximação no Google Pay, em parceria com o C6 Bank e o PicPay.
"A jornada sem redirecionamento, que acabamos de lançar, foi resultado de um processo de desenvolvimento técnico e regulatório longo, realizado junto com o Banco Central e com o restante da indústria", diz o Google em nota.
Nessa única cartada, o Google arrematou a maior parte do mercado brasileiro de pagamento via carteiras digitais. De acordo com as estimativas da plataforma de monitoramento Sensor Tower, o PicPay detém a maior base de usuários no Brasil entre os aplicativos de carteira digital, com uma média de 21,8 milhões de usuários no primeiro semestre de 2024, seguido por Mercado Pago e Google Pay, com 18,5 milhões e 6,6 milhões, respectivamente.
O Itaú também pretende se antecipar ao BC, lançando a funcionalidade do Pix por aproximação aos seus clientes em outubro. O banco ainda não detalha como funcionará a experiência, mas a expectativa do setor é que ela fique disponível apenas entre clientes Itaú e maquininhas da Rede, a credenciadora do banco.
Procurado, o Banco Central não quis comentar.
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