Um cachorro caramelo tem atacado clientes e preocupado comerciantes do Jd. Bandeirantes (Zona Oeste). Instalado há cerca de seis meses na praça Bosque Mangabeiros, o cão ganhou casinha e é alimentado por alguns moradores da região, mas já atacou diversas pessoas, fazendo mais uma vítima na quarta-feira (1º).
A vítima desta quarta (1º) foi Frederico Fernandes Campos, 44, mordido na perna após fazer compras em um supermercado da região. Campos estava saindo do estabelecimento com sua scooter e conta que sempre passa pelo local onde o cão está instalado, mas nunca tinha observado o animal e sequer previu o ataque.
“Eu estava meio distraído em cima da moto e ele veio. Tentou morder uma vez e na segunda ele conseguiu. Pegou em cheio. Entraram as presas dele dentro da minha perna”, relembra.
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Campos procurou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Sabará, onde recebeu antibióticos e foi orientado a observar o cachorro pelos próximos 10 dias. Segundo ele, se o cão não morrer nesse período, não haverá a necessidade de tomar as vacinas contra a raiva. A informação foi confirmada pela UPA da Vila Nova, onde Campos buscou mais orientações na quinta-feira (2).
Mesmo com medicamento gratuito, Campos gastou, até o momento, R$ 45 com uma pomada e, desde então, descobriu que outras pessoas foram atacadas naquela região, inclusive um colega que trabalha no mesmo supermercado onde ocorreu o episódio.
“Já atacou gente, ja matou vários animais e a casinha dele está do lado de uma árvore onde passa gente com criança o tempo todo. Se atacar uma senhora não tem chance de revidar”, observa.
OUTROS ATAQUES
Não é a primeira vez que o cachorro ataca pessoas naquela região. Segundo Fabiani Von Postel, gerente do supermercado localizado em frente à praça onde o cão está instalado, clientes e dois funcionários já foram mordidos. Um deles, inclusive, teria se afastado por 90 dias por quebrar o pé ao cair da motocicleta em razão do ataque.
“A gente já entrou em contato com vereador, já ligamos na polícia, já fizemos várias tentativas para tomar uma providência quanto a este cachorro”, conta Postel.
De acordo com a gerente, o cão chegou na praça junto a uma pessoa em situação de rua, que seria o tutor responsável. Contudo, essa pessoa (não identificada) não permanece naquele local durante o dia e o cachorro fica solto e até ganhou uma casinha de populares.
“O andarilho não fica aqui o tempo todo. Ele sai, ele volta. E o cachorro fica. Está bem polêmica esta situação. Colocaram uma casinha de cachorro na praça em frente ao mercado e o cachorro fica ali. Tem populares que tratam dele. A gente não tem o que fazer”, ressalta.
A gerente explica que algumas pessoas defendem o cão, mas ninguém se compromete a adotá-lo. “Eu estou realmente de mãos atadas. Tem cliente falando que não vai mais voltar na loja por conta disso”, lamenta.
A comerciante Marlene Martins, proprietária de um pet shop localizado em frente ao supermercado, acrescenta que as pessoas estão com receio de passar pelo local e que o cachorro, quando está sozinho, apenas late. Na presença do tutor, ele avança e ataca.
“Ele é bonito, é saudável, não tem pulga nem carrapato. Ele até vive bem aqui na rua. Se não fosse esse negócio de avançar… O problema é que ele começou a morder as pessoas e a gente pode perder cliente”, completa Martins.
A reportagem entrou em contato com outra comerciante da região. Ela não quis se identificar, mas confirmou os ataques. “Tem dia que ele está mais temperamental e tem que passar em volta. Tem dia que você passa e ele não faz nada”, complementa.
“NÃO HÁ POLÍTICA PÚBLICA”
A reportagem procurou a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina) para compreender o limite da responsabilidade da companhia em casos como esse. Em nota, o órgão comunicou que não recolhe animais nestas situações, pois não há uma política pública estabelecida em lei que garanta a remoção. A companhia comunicou que atende casos específicos, como o resgate de animais que sofrem maus tratos e que estão sob risco de vida.
“No caso em questão, porém, trata-se do que chamamos de ‘animal comunitário’, que inclusive tem um abrigo (casinha) no local. É uma situação muito comum, na qual moradores de uma região acabam ‘adotando’ um animal em situação de rua e lhe oferecem abrigo, água e comida”, informa a nota.
Para cães e gatos comunitários, a CMTU informa que existe o serviço do SAMUVET, caso o animal necessite de atendimento veterinário. Nesse caso, o serviço o recolhe, realiza o tratamento e o devolve ao local de origem. O telefone do SAMUVET é (43) 3379-7925 ou 99994-8677 (WhatsApp).
“A CMTU esclarece ainda que existem em Londrina cerca de 30 mil cães e gatos em situação de rua. Somente no primeiro semestre deste ano, por exemplo, a companhia londrinense chegou a resgatar 305 cães e gatos nesta condição que foram ‘vítimas de maus tratos’”, complementa a nota.
Por fim, a companhia informa que, dentro da política municipal para a causa animal, o núcleo de Bem-Estar Animal da CMTU oferece serviços do Hospital Veterinário Municipal e do SAMUVET, do banco de rações, a remoção de carcaças de animais de grande porte e o recolhimento de animais de grande porte soltos e abandonados em vias públicas; além do “Castramóvel”, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde.