Brasil

Tabata quer Marçal fora de debates, Nunes pede segurança e Datena diz que ex-coach deve ser parado

24 set 2024 às 17:22

Um dia após o debate eleitoral para a Prefeitura de São Paulo terminar com um assessor na delegacia e um marqueteiro ensanguentado, adversários de Pablo Marçal (PRTB) pediram diferentes medidas para conter o candidato, como a exclusão dele dos próximos encontros, reforço na segurança e ação da Justiça.


O encontro promovido pelo Flow na noite desta segunda-feira (23) acabou com o candidato do PRTB expulso e um assessor seu, Nahuel Medina, levado à delegacia após dar um soco em Duda Lima, marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que saiu ensanguentado.


Tabata Amaral (PSB) divulgou nota para chamar "a atenção para a responsabilidade das emissoras e veículos de imprensa".


"É necessário avaliar os motivos que levam a convidar um candidato que não debate propostas para a cidade, participa com a intenção de tumultuar e cujos requisitos legais não tornam a sua participação obrigatória", afirmou.


Atualmente, o convite só é obrigatório em debates transmitidos por rádio e TV a candidatos de partidos com, no mínimo, cinco deputados federais até 20 de julho do ano da eleição. O PRTB não tem representação na Câmara.


"A confusão que ele causa é um método que só o favorece e que impede a população de ver uma discussão sobre os problemas reais da cidade", completou a deputada.


Nunes (MDB), por sua vez, afirmou na manhã desta terça-feira (24) que a agressão poderia ter causado a morte de Duda e que foi premeditada. O prefeito cobrou que haja segurança nos debates, mas disse que pretende participar dos próximos.


"Só peço aqui que a gente tenha consciência do risco que está sendo colocar esse tipo de gente no meio de pessoas civilizadas, eles não têm limites", completou.


"Colocar pessoas desse nível no meio das outras pessoas, eu praticamente não me sinto confortável", disse ainda ao ser perguntado sobre conversas com os demais candidatos a respeito da presença de Marçal nos debates.


"A gente não pode ter um ambiente que coloque a vida das pessoas em risco. [] Quem quer fazer um debate precisa assumir a responsabilidade de ter um ambiente com segurança. [] Vai esperar acontecer pior ainda do que já aconteceu, que já é muito grave?", cobrou o prefeito.


A campanha de Nunes, por enquanto, rejeita deixar de ir aos debates ou exigir aos organizadores que o influenciador não seja convidado.



Para Nunes, é "bom" que Marçal participe dos debates, "porque as pessoas estão vendo que ele não conhece a cidade, que ele não tem propostas, que ele só fala coisas lunáticas, que está nesse processo, não pode ser para outro fim, a não ser ganhar dinheiro".


Ainda assim, o prefeito declarou que Marçal "não tem a menor condição" de estar no processo eleitoral, dada sua atuação agressiva, o ambiente de tumulto que causa e seu objetivo de viralizar na internet em vez de discutir a cidade.


José Luiz Datena (PSDB), por sua vez, afirmou que o debate e a campanha com a presença de Marçal são impossíveis e que o influenciador precisa ser parado.


"Ele [Marçal] agride o tempo todo e deturpa o debate. Ele está sendo chamado de psicopata, mas é um mau caráter, sujeito de péssima qualidade e que precisa ser parado pela lei", afirmou o tucano.


Nesta terça-feira, em agenda pelas ruas de São Mateus, na zona leste de São Paulo, Datena voltou a ser saudado pela cadeirada no autointitulado ex-coach no debate da TV Cultura.


O tucano evitou comparações entre sua agressão e o soco no marqueteiro de Ricardo Nunes. Nahuel Medina chegou a ser detido, o que não aconteceu com Datena.


"O cara [Medina] agrediu covardemente, e eu respondi a uma agressão. Fui agredido verbalmente de uma forma desumana", disse Datena.


O deputado Guilherme Boulos (PSOL), por sua vez, classificou como "inaceitável" a agressão e estendeu suas críticas ao atual prefeito. Segundo o psolista, Nunes agiu com provocações "fora das câmeras".


"Reprovo também a conduta de candidatos, e aí inclui o Ricardo Nunes, que trabalha com provocação e com mentira. Fora das câmeras, xingando, atacando, provocando", disse. "Não é por acaso que são dois candidatos ligados ao ex-presidente Bolsonaro, a essa cultura de ódio."


Marçal voltou a negar nesta terça-feira (24) que tenha se envolvido em confusão. "Não fui eu que briguei", disse, antes de participar de sabatina. "Foram os dois que criaram [a confusão]", continuou, ao se referir ao mediador, Carlos Tramontina, e a Duda Lima.


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