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Site do Ministério da Saúde exibe mais vacinas enviadas a SP do que número registrado no estado

06 ago 2021 às 10:41

O site do Ministério da Saúde informa um número superior de vacinas contra a Covid-19 enviadas a São Paulo do que o registrado oficialmente pela Secretaria da Saúde do estado.


Segundo o ministério, o governo João Doria (PSDB) recebeu até aqui 48,3 milhões de doses de imunizantes. Já dados do Programa Estadual de Imunização a que a reportagem teve acesso acusam o recebimento de 41,6 milhões de doses desde o início da campanha de vacinação.


No caso específico da Coronavac, a vacina chinesa que é produzida no Instituto Butantan, o site do governo federal informa o envio de 22 milhões de doses. Nas tabelas da instituição paulista, são 15 milhões.


A discrepância foi notada em meio à polêmica acerca do corte de 50% de um lote de vacinas da Pfizer para São Paulo nesta semana.


A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a pasta para comentar o caso dos números discrepantes.


O estado recebeu 228 mil doses do fármaco, quando deveria receber o dobro, o que segundo a secretaria irá prejudicar o cronograma de vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, programado para começar no próximo dia 18.


Como a vacina da Pfizer é a única autorizada para uso em menores no país e a prioridade tem de ser dada àqueles que receberam a primeira dose dela há três meses, o secretário Jean Gorinchteyn estima que o plano está prejudicado se não houver reforço por parte do governo.


Os outros imunizantes usados no Brasil (Coronavac, AstraZeneca e Janssen) podem ser aplicados apenas em maiores de 18 anos.


Doria se queixou de "maldade" do presidente Jair Bolsonaro, seu rival político -o tucano quer ser candidato ao Planalto em 2022.


O governador afirmou em entrevista coletiva na quarta-feira (4) que a decisão do governo federal sobre o envio de doses era arbitrária e afrontava o pacto federativo.


Representantes do Ministério da Saúde negaram na quarta que tenha havido prejuízo na distribuição e disseram ter havido uma compensação por doses extras recebidas anteriormente, o que o governo paulista nega.


O secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz, negou na quarta que tenha havido prejuízo na distribuição das doses ao estado e disse que a decisão foi tomada em conjunto com representantes de secretários de saúde. Ele também disse que não há um percentual fixo de distribuição de doses por estado.


Segundo a secretária de enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, São Paulo retirou mais doses do que o previsto no Instituto Butantan em distribuições recentes, o que levou a compensações no envio de outros imunizantes.


Em nota divulgada logo após a entrevista coletiva do ministério na quarta, o governo de São Paulo rebateu as declarações e disse que a afirmação de que o estado teria ficado com mais doses da Coronavac é mentirosa.


Nesta quinta (5), o governo paulista anunciou estar estudando medidas judiciais contra o ministério. Os detalhes da ação judicial e a qual esfera o estado vai recorrer não foram informados.


Em um ofício encaminhado ao Ministério da Saúde na quarta, o governo paulista requereu o envio complementar de doses da vacina Pfizer em até 24 horas. Segundo Gorinchteyn, até o fim da manhã desta quinta (5) não tinham recebido resposta.


São Paulo pretendia iniciar em 18 de agosto a vacinação de adolescentes com comorbidades, deficiências, gestantes e puérperas. O grupo é de risco para a Covid-19, mas não foi incluído na prioridade para receber a vacina.


"A proteção de jovens vulneráveis à doença está em risco. Sem a garantia dessas doses, frustramos a expectativa pais e mães que há tento tempo aguardam para vacinar e proteger seus filhos", disse o secretário.

A partir de 30 de agosto estava prevista a vacinação do público geral de 12 a 17 anos. A vacinação com a primeira dose de adultos em São Paulo deve terminar no próximo dia 16, segundo o governo.


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