Prevista para terminar no fim de semana, a atual onda de calor, oitava deste ano, deve ser seguida por outras nas semanas seguintes. Isso porque o Brasil sofre diferentes efeitos do El Niño e enfrenta um ano com vários extremos de temperatura, com recorde mundial em outubro.
Embora especialistas não prevejam ondas como essa em dezembro, o que vem pela frente é mais calor. Numa escala dos próximos meses, o aumento das temperaturas, em meio ao verão, acontece também em função do El Niño.
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O evento, formado pelo aquecimento das águas do Pacífico equatorial, muda a circulação atmosférica e tem agravado seca no Nordeste e ajudado a bloquear a circulação de frentes frias, que estacionam no Sul e aumentam as chuvas na região.
O alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) para o calor se mantém até sexta (17). Já segundo a Climatempo, a situação pode durar até o domingo (19) em áreas do Sudeste e do Centro-Oeste do país, quando a onda perde intensidade e uma frente fria se aproxima, causando chuvas e algum alívio do calor.
Vale lembrar que o calor costuma ser mais intenso logo antes da chegada de uma frente fria, por causa da movimentação de ar quente que precede a chegada do sistema.
Já a intensidade do El Niño, que poderia chegar a forte, ou caracterizar um super El Niño, como o de sete anos atrás, tem registrado níveis mais moderados, segundo Micael Cecchini, professor do Instituto de Geofísica, Astronomia e Ciências Atmosféricas da USP. "Falava-se em 1,8°C acima da média, que seria um super, e chegou a 1,5°C, ao menos por enquanto."
A ressalva está justificada pelo fato de que 2023 tem sido um ano de extremos, como o recorde de temperatura média do planeta registrada pela Organização Meteorológica Mundial.
Ainda, o fenômeno deve durar até o fim do verão, segundo Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo. "Com essa estabilização, devemos ter temperaturas acima da média no verão no Brasil, elas devem se manter elevadas nos próximos meses."
De acordo com nota técnica do Cemaden publicada na semana passada, o auge do El Niño deve acontecer entre dezembro deste ano e fevereiro de 2024.
Calor é acentuado por zona de alta pressão
Além dos efeitos do El Niño e de um planeta já mais aquecido pela atividade humana, o calor se deve a uma zona de alta pressão atmosférica que vai do norte da Argentina ao sul da Amazônia e impede a chegada de frentes frias a diferentes regiões do país.
Como a primavera é uma estação de transição, ainda sem o volume de chuvas previsto para o verão, o tempo quente e seco retroalimenta o calor sob o sol com céu limpo.