Os advogados da mãe de Henry Borel reclamaram, nesta quarta-feira (28), da falta de acesso à integralidade da investigação sobre a morte do menino, de 4 anos, no dia 8 de março.
Em nota, a defesa da professora Monique Medeiros se queixa de vazamento seletivo de dados e admite recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para obtenção das peças do inquérito, registrando uma reclamação formal na corte.
"Apesar de a defesa de Monique ter pedido acesso à integralidade da investigação policial como seu primeiro ato, há mais de 15 dias, até o momento, não conseguiu acesso ao material dos autos. Mesmo com o deferimento formal da autoridade policial, o acesso não é franqueado", afirmam.
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A nota cita a súmula vinculante 14, do STF, segundo a qual a defesa tem direito a acesso aos elementos documentados dentro de um inquérito. "Profissionais da imprensa publicam dados do inquérito que são desconhecidos da defesa, em violação flagrante a Súmula 14 do STF. Assim, apela-se para jornalistas e veículos de comunicação, que encaminhem para a defesa os materiais que a polícia 'vaza' sem que a defesa tenha podido acessar."
Em uma crítica velada aos responsáveis pela investigação, os advogados insistem para que Monique seja ouvida e perguntam a quem interessa o que chamam de vazamento seletivo de dados.
"É com muita estranheza que a defesa tome conhecimento das peças do inquérito apenas por meio da imprensa. A quem interessa um vazamento seletivo de informações da investigação? A quem interessa não dar acesso à defesa? A quem interessa não ouvir Monique?"
Em uma carta de 29 páginas, escrita na prisão, Monique muda sua versão, afirmando ter sido drogada pelo namorado, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, Dr. Jairinho, na madrugada da morte do filho. A professora diz ter sido ameaçada por Dr. Jairinho.
Na carta, a mãe de Henry diz que naquele 8 de março colocou o menino para dormir após ele acordar três vezes. Quando o casal cansou de assistir a uma série, por volta da 1h30, o vereador disse para irem para o quarto dormir.
O ex-namorado então "ligou a televisão num canal qualquer, baixinho, ligou o ar condicionado, me deu dois medicamentos que estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor, mas eu não o vi tomando. Logo, eu adormeci".
A defesa de Monique está pedindo há mais de uma semana que ela seja ouvida novamente no inquérito, que ainda não foi concluído porque aguarda a perícia nos celulares de Dr Jairinho. No entanto, o delegado Antenor Lopes, Diretor do DGPC (Departamento-Geral de Polícia da Capital) indicou já haver elementos suficientes para encerrar as investigações.
Desde a primeira entrevista coletiva no dia da prisão do casal, a polícia tem dito que até agora não há indícios de que Monique estivesse sendo ameaçada pelo ex-namorado e que eles pareciam estar unidos. Monique escreveu a carta de dentro do Hospital Penitenciário em Bangu, onde está internada com Covid-19.
A Polícia Civil do Rio não se manifestou sobre a nota dos advogados de Monique.