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Dia do milésimo gol

Lei nº 14.909 institui 19 de novembro como Dia do Rei Pelé

Aécio Amado - Agência Brasil
03 jul 2024 às 09:40

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- Ricardo Stuckert/CBF
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O futebol brasileiro passou a ter, a partir de terça-feira (2), uma data oficial para celebrar o maior jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento. A Lei nº 14.909, de 1º de julho de 2024 que institui o Dia do Rei Pelé, está publicada no Diário Oficial da União.


Sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o texto determina o 19 de novembro como a data da homenagem ao mais famoso camisa 10 da história do futebol mundial, falecido em dezembro de 2022. Naquele dia, em 1969, Pelé marcou o milésimo gol da carreira, na partida entre o Santos e o Vasco da Gama no estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.

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Expectativa pelo milésimo

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Naquele 19 de novembro de 1969, a expectativa pelos mil gols de Pelé era enorme. Torcedores do mundo todo voltavam atenções ao Maracanã. Toda a imprensa brasileira e jornalistas estrangeiros já haviam reservado os espaços no estádio para acompanhar de perto o feito inédito de um jogador de futebol atingir a marca dos mil gols. 


A marca dos 999 gols havia sido atingida dias antes, no amistoso contra o Botafogo da Paraíba, quando o Santos venceu por 3 a 0, no estádio José Américo de Almeida, em João Pessoa. No entanto, a expectativa da torcida pelo segundo gol de Pelé no jogo, e milésimo na carreira, acontecer em solo paraibano foi frustrada quando ele passou para a função de goleiro após a lesão do titular da posição.

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No dia 16 de novembro, um domingo, o time santista voltava a jogar fora de São Paulo. Daquela vez, em Salvador, contra o Bahia, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. A partida terminou empatada em 1 a 1, e Pelé não marcou.


Três dias depois, noite de quarta-feira, no Rio de Janeiro, mais de 65 mil pessoas estavam no Maracanã. Para o momento histórico, foi montado todo um esquema pelas emissoras de televisão para a cobertura. Havia inclusive um plano de segurança colocado em ação com o objetivo de evitar a invasão do gramado.

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Enfim, o gol histórico


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O Santos entrou em campo com uniforme tradicional, todo branco. O time tinha como treinador Antoninho, que escalou jogadores como Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Clodoaldo, Lima, Edu e o camisa 10, Pelé. O Vasco, do técnico Célio de Souza, tinha no gol o argentino Andrada, a zaga formada por Fidélis, Moacir, Renê e Eberval; o meio de campo formado por Fernando, Buglê, Benetti; e o ataque com Acelino, Adilson e Danilo Menezes. O árbitro da partida foi Manoel Amaro de Lima.


O time da baixada santista começou o jogo dominando a equipe de São Januário, porém, foi o Vasco que abriu o placar, com Benetti, aos 16 minutos do primeiro tempo. Na segunda etapa, o Santos conseguiu o empate aos 10 minutos, com um gol contra de Renê. Depois do gol, o time do rei continuou pressionando o a equipe da casa.

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O pênalti foi aos 33 minutos, quando Pelé foi derrubado na área ao receber um passe de Clodoaldo. Manoel Amaro não teve dúvida e apontou para a marca da penalidade. Na hora da cobrança, apenas Pelé, a bola e o goleiro Andrada estavam na área, com os jogadores do Santos ficaram reunidos no meio de campo. Ninguém parecia admitir a possibilidade de desperdício daquela oportunidade.


O camisa 10 precisou de três passos, uma paradinha e, com o pé direito, colocou a bola no gol com um chute rasteiro no canto esquerdo do goleiro. Andrada ainda conseguiu tocar na bola, mas não evitou o gol mil de Pelé, aos 34 minutos e 12 segundos.

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Diferentemente, das comemorações anteriores, o Rei do Futebol não deu o tradicional soco no ar. Foi até o fundo do gol e pegou a bola. Naquele momento, os jornalistas que estavam atrás da meta invadiram o gramado e levantaram Pelé, colocando-o nos ombros. O nome do craque santista era ecoado em todo o Maracanã, no grito dos torcedores.


Vestiram nele uma camisa com o número 1000, com a qual Pelé deu a volta olímpica no Maracanã. Seguido pela imprensa e em um dos momentos destaques da carreira, o maior camisa 10 de todos os tempos não aproveitou os microfones para exaltar os feitos ou agradecer a quem o ajudou na carreira, como seria esperado. Pediu às autoridades para não esquecerem das crianças, das pessoas pobres e dos idosos.


“Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”, falou o Rei, encerrando um dos mais gloriosos capítulos do Maracanã, dele próprio e do futebol brasileiro.


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