O bispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, afirmou nesta quinta-feira (17), durante coletiva de imprensa sobre o Sínodo pela Região Pan-Amazônica, que o governo brasileiro enfraquece os direitos de povos indígenas da floresta tropical. "São 519 anos de opressão e resistência e não haverá um presidente que retire nossos direitos", afirmou o religioso, ressaltando que a administração de Jair Bolsonaro "enfraqueceu o órgão que deveria proteger os povos indígenas, mas esses direitos estão previstos na Constituição".
Segundo Paloschi, os indígenas da Amazônia sofreram discriminação e pedem que seus direitos, previstos na Carta Constitucional de 1988 do Brasil, "sejam respeitados".
"As terras tradicionais deveriam ser demarcadas, homologadas e registradas até 1993, cinco anos após a Constituição. Ao invés, não foram demarcadas nem mesmo um terço e as que foram demarcadas foram invadidas, alvo dos garimpeiros, das indústrias minerárias, das indústrias do petróleo e da exploração da madeira", acrescentou. Para o bispo brasileiro, "não se faz a inculturação com proselitismo, mas com o testemunho". Ele ressalta que não se trata de impor uma cultura do alto, de eliminar a cultura dos outros, mas de preservar as sementes presentes em toda cultura, porque "nenhuma cultura é perfeita". Os direitos dos indígenas, a evangelização e enculturação foram alguns dos temas explorados na Sala de Imprensa da Santa Sé durante coletiva de religiosos participantes da assembleia de bispos. O Sínodo da Amazônia acontece até o próximo dia 27 de outubro, no Vaticano e debate novas formas de evangelização e preservação da região. O cardeal brasileiro Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, presidirá a comissão encarregada de elaborar o relatório conclusivo da assembleia. Entre as propostas discutidas ainda estão a ordenação de padres casados e a criação de diaconisas na floresta.