O Brasil atingiu a marca de 3.852.901 casos prováveis de dengue na quarta-feira (24), número que supera o dobro do total de casos prováveis de 2015, ano do recorde histórico da doença.
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Na época, o Ministério da Saúde registrou 1.688.688 casos prováveis.
O número também é mais que o dobro dos casos de 2023, quando foram registrados 1.649.144 casos prováveis -a soma entre casos confirmados e em investigação-, de acordo com Painel de Monitoramento de Arboviroses. O país ultrapassou o número de casos registrados no ano passado em março.
As mortes pela doença este ano também já representam um aumento de 52% em relação ao ano passado: segundo o painel do Ministério da Saúde, 1.792 pessoas morreram este ano, enquanto em 2023 foram 1.179.
O Brasil já chega a um coeficiente de incidência de casos de 1.897,4, número que indica situação epidêmica, de acordo com definição da OMS (Organização Mundial de Saúde). Para o órgão de saúde, a definição é quando há incidência acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
De acordo com a organização, a epidemia da dengue neste ano pode ser a pior da história.
Em entrevista a jornalistas, a OMS afirmou que o aumento de casos é observado em toda a América Latina e no Caribe, porém três países encabeçam uma situação mais preocupante do cenário da doença: Brasil, Paraguai e Argentina, que representam 92% do casos e 87% das mortes relacionadas ao vírus.
A organização disse que a doença segue um padrão sazonal e, por isso, a maior parte da sua transmissão acontece no primeiro semestre do ano. Reiterou também que mudanças climáticas podem favorecer a dispersão do mosquito vetor da doença, como tempestades e inundações.
São Paulo é o estado com mais mortes pela doença (415). Em 2015, foram registrados 504 óbitos. O estado tem 733.051 casos confirmados da doença e 1.489.008 notificados.
Para especialistas, o aumento da doença observada no sudeste e no sul do Brasil indicavam que o país poderia passar por uma epidemia já no início do ano.
"As mudanças climáticas, o aumento da temperatura em 2023, influenciada pelo El Niño, e também o aumento da temperatura global como um todo, favorecem a expansão do Aedes aegypti para outras regiões, como o sul do Brasil", disse o infectologista Júlio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em reportagem da Folha de S.Paulo.
Na capital paulista, o aumento de casos começou a ser verificado no final de novembro, e se intensificou entre os meses de dezembro e fevereiro.
"Isso coincide com as médias de temperatura diária mais elevadas que tivemos, inclusive o verão acabou sendo antecipado justamente por essas altas temperaturas registradas ainda na primavera. E além disso, a média de pluviosidade [chuva] também foi muito alta. Então, você tem uma temperatura elevada seguida de chuva intensa, o que cria um ambiente perfeito para a proliferação do mosquito", afirmou o infectologista Alexandre Naime Barbosa.