A crise no sistema carcerário do Maranhão ganhou as ruas da capital na noite desta sexta-feira (3). Uma ordem partida de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas fez com que bandidos queimassem quatro ônibus e atirassem em uma delegacia de polícia. A polícia maranhense ainda investiga se a execução do policial militar reformado Antônio César Cerejo, ocorrido no bairro do Maracanã, zona rural da capital tem ligação com a onda de terror promovida pelos membros de duas facções criminosas que lutam pelo controle do tráfico de drogas em São Luís.
A insegurança vem tomando conta das ruas da capital desde o ano passado. Em 2013, foram registrados 807 homicídios dolosos, o que indica um crescimento de mais de 300% nos registros deste tipo de crime nos últimos 10 anos. Grande parte destes crimes estão ligados ao tráfico de drogas. A nova onda de ataques de bandidos é considerada uma reação ao fato dos policiais militares, com apoio da Força Nacional, terem assumido o controle da segurança em Pedrinhas, como uma reação do governo estadual aos assassinatos ocorridos dentro da cadeia.
Segundo dados levantados pelo Conselho nacional de Justiça (CNJ) que esteve na capital no fim do ano passado, 59 presos foram assassinados dentro do complexo Penitenciário de Pedrinhas em 2013, o que seria mais do que as mortes anotadas nesta prisão desde 2009. O número levou a uma denúncia de caos dentro do sistema penitenciário do Estado na Organização dos Estados Americanos (OEA), que cobra uma resposta do governo brasileiro.
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Assim que assumiram o controle da segurança do presídio, os PMs fizeram uma revista e apreenderam cerca de 300 armas brancas, dezenas de celulares, drogas e listas com o fluxo de negociação de drogas dentro da cadeia. Uma das listas apreendidas estava dentro de uma Bíblia. E a ordem para os novos ataques seria uma reação a esta revista.
Apesar das denúncias e de uma quase intervenção, mal começou o ano e presos continuam morrendo na principal penitenciária do Maranhão: um homem, identificado como Josivaldo Pinheiro Lindoso, de 35 anos, foi encontrado estrangulado dentro de uma cela do Complexo Penitenciário de Pedrinhas logo no primeiro dia do ano. Ele tinha sido preso no dia 31 de dezembro por causa de um mandado de prisão em seu nome que estava em aberto por roubo. Em nota, distribuída na manhã deste sábado (4) informando que os mandantes dos ataques já foram identificados e que está reforçando o policiamento em São Luís. A nota diz ainda que o governo voltará a investir em vídeo monitoramento para tentar conter a onda de criminalidade que a cidade vive hoje.
"Várias diligências estão sendo feitas neste momento, com reforço das operações, blitz e incursões do Sistema de Segurança em conjunto com as equipes de inteligência para localizar e prender os participantes destes atos criminosos. Imagens captadas pelo Sistema de vídeomonitoramento também estão sendo analisadas pelas polícias e alguns envolvidos já foram identificados. A Polícia Militar já está adotando providências complementares nas unidades prisionais de São Luís, como no Centro de Detenção Provisória (CDP), do Complexo Prisional de Pedrinhas. Entre elas, estão a ampliação da vigilância com vídeomonitoramento; a intensificação das revistas nas celas; o aumento da fiscalização interna com o Batalhão de Choque e da fiscalização externa com rondas", diz a nota.