Brasil

Com cara de paraíso tropical intocado, Fernando de Noronha é imperdível

31 jan 2025 às 15:52

O Brasil tem centenas de destinos de verão incríveis. Mas Fernando de Noronha, com uma aura de paraíso tropical perdido e misterioso, é certamente o mais emblemático deles.

Ao longo dos séculos, o arquipélago foi alvo de disputa entre ingleses, franceses, holandeses e brasileiros. Também foi, por muito tempo, um presídio, que recebeu ciganos, revolucionários da Farroupilha e até mesmo capoeiristas, então considerados ameaça à ordem pública no continente.

Durante a Segunda Guerra, chegou a ser território federal, mas ao final do conflito voltou ao controle pernambucano. Apesar de estar mais próximo de Natal (361 quilômetros), a ilha sempre teve uma ligação histórica com Recife (a cerca de 545 quilômetros). Foi por causa da guerra, aliás, que a ilha ganhou um aeroporto, construído pelos americanos como parte de uma rota para a África.

No final dos anos 1980, a criação do Parque Nacional Marinho colocou 70% do arquipélago sob proteção. E em 2001, ele foi reconhecido como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.

Não era para menos: além de abrigar a maior concentração de aves tropicais marinhas do Atlântico, a região também serve de refeitório e maternidade para espécies como atuns, tubarões, tartarugas e mamíferos marinhos, incluindo baleias e golfinhos.

Justamente por ser tão rico e tão protegido, Fernando de Noronha pode, num primeiro momento, frustrar turistas acostumados a destinos explorados em maior escala. A começar pela taxa de preservação ambiental, cobrada antes mesmo do desembarque na ilha, que começa em R$ 101 e pode chegar a R$ 238 por dia, a depender da duração da estadia.

Para visitar qualquer ponto do parque nacional, aqueles 70% protegidos, o turista paga ingresso (R$ 186,50). E para acessar alguns dos atrativos, como as piscinas naturais da praia do Atalaia ou o morro São José, a única das ilhas menores do arquipélago aberta à visitação, também é preciso contratar um guia e agendar a visita, já que há um limite de pessoas por dia. Felizmente, desde 2023, tudo é feito online.

Ir a Noronha, portanto, exige muito planejamento. Atualmente, até mesmo os voos para lá estão escassos: devido a obras na pista do aeroporto, apenas aeronaves pequenas, de 72 lugares, podem pousar lá. Os voos a partir de Natal foram suspensos, deixando a conexão em Recife como a única possível para chegar à ilha.
Mas, uma vez superados os gargalos logísticos e as burocracias, o turista logo entende o porquê de tantas restrições em Noronha.

Visitar a ilha é como estar em uma outra dimensão. O isolamento dá um outro ritmo à vida ali, que não admite pressas continentais. Frutas e outros produtos perecíveis, por exemplo, podem esgotar. Afinal, à exceção de turistas e pequenas cargas, tudo chega de navio, numa viagem de dois dias.


Ir à praia é como visitar um grandioso aquário natural. Mesmo naquelas de mais fácil acesso, que ficam fora do parque nacional, é possível observar peixes, arraias e tartarugas nadando em águas rasas, em volta dos nossos pés. Vivendo como se os humanos nunca tivessem chegado ali.

Uma dessas praias é a do Cachorro, a mais próxima do centrinho e também a que tem mais infraestrutura, com barracas e guarda-sóis. As águas calmas e absolutamente cristalinas saltam aos olhos já na escada que leva à pequena faixa de areia, mas o melhor está do outro lado dela, onde as águas doces de um pequeno riacho chegam ao mar. Logo ao lado, um paredão rochoso funciona como trilha em direção ao mar.

Em minutos, chega-se ao Buraco do Galego, piscina quadrada funda o suficiente para saltar nela do alto das pedras e que, apesar de natural, mais parece ter sido esculpida na rocha. Depois de alguns saltos, é possível voltar à praia nadando ou seguir caminhando pelas rochas até a Lasca da Velha, uma outra piscina natural, essa bem estreita e comprida.

Ainda fora do parque nacional, uma praia indispensável é a do Porto, não tão bonita se comparada às suas irmãs. Mas não se engane: o barato ali está embaixo d'água. O mergulho com instrutor custa cerca de R$ 400 e leva até um barco naufragado tomado por corais onde famílias de tartarugas e de outras incontáveis espécies tomam café da manhã.

Se o orçamento estiver curto, não esmoreça: apenas de colete, pés-de-pato e snorkel já é possível passar uma manhã inteira por ali, como num passeio pelas locações de "Procurando Nemo".

Já dentro do parque nacional, não é preciso conseguir agendamentos para se divertir -os pontos de visitação livre já são suficientemente emocionantes, especialmente numa primeira visita.

Quem chega bem cedinho à baía dos Golfinhos, por exemplo, consegue avistá-los aos montes a partir das passarelas (totalmente acessíveis, vale dizer) que passam por lá e também levam a outros dois mirantes: o da praia do Sancho, eleita inúmeras vezes uma das mais bonitas do mundo (de fato, é mesmo), e o da baía dos Porcos -visitar ambas as praias também é indispensável.

Voltada ao mar de Fora, a parte sul da ilha tem águas mais agitadas e, muitas vezes, tubarões -nesse caso, elas são fechadas. Com ou sem banho de mar, vale a visita.

Vá direto à pequena península que separa a baía do Sueste e a praia do Leão. É onde ficam a ponta da Sapata e o mirante do Sueste. O primeiro demonstra a fúria dos ventos naquela porção da ilha, e o segundo oferece uma vista pictórica da região, bem menos movimentada que o norte. Bastam alguns minutos de contemplação para convencer o turista de que todo esforço é pouco para proteger Noronha.

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