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Inflação

Aumento de diesel e frete pressiona alimentos e pode ameaçar medidas do governo para conter preços

André Borges - Folhapress
07 mar 2025 às 11:56

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Tomaz Silva - Agência Brasil
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As medidas anunciadas pelo governo para tentar conter a inflação dos alimentos, zerando impostos de importação, devem ser impactadas por problemas crônicos ligados à infraestrutura logística nacional, usada no escoamento de sua produção.

O ano começou com sinais de que terá mais uma safra recorde de soja, um cenário a ser comemorado. Acontece que essa mesma colheita tem consumido a maior parte dos caminhões disponíveis no país, comprometendo outras colheitas em andamento, além de refletir o aumento do preço do frete, puxado pelos ajustes recentes do óleo diesel.

O próprio governo sente na pele os efeitos da infraestrutura precária. Na semana passada, uma das empresas que transportam milho para a estatal Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) jogou a toalha. Em um ofício, ao qual a reportagem teve acesso, a empresa Padrão Transportes de Cargas e Logística afirma que vai ter que suspender a entrega de 500 toneladas encomendadas pela Conab, porque não encontra caminhão disponível e por causa do preço do frete.

Sediada em Pernambuco, a empresa de logística venceu uma licitação da Conab para carregar 10 mil toneladas de milho, decidiu pedir uma suspensão de 45 dias para realizar o serviço, concentrado nos estados do Piauí e da Paraíba.

"Em paralelo ao transporte de milho, está ocorrendo o transporte de soja, o que tem impactado, de forma bastante significativa, o frete a ser contratado para o transporte do milho. Isto porque a safra de soja -destaque-se, a maior registrada neste ano- elevou o valor do frete e reduziu a quantidade de caminhoneiros interessados em realizar viagens de longa distância, afirma a empresa.

Em Mato Grosso, estima-se que mais de dois terços da soja já foram colhidos. Como o transporte não pode demorar, o resultado são longas filas com milhares de caminhões nas principais estações de transbordo do país, como Rondonópolis (MT) e Itaituba (PA). "Verifica-se, ainda, além da alta safra de soja, o aumento no valor do diesel, que também impacta consideravelmente o valor do frete", diz a transportadora.

Paulo Bertolini, presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), diz que o reajuste do diesel já fez o frete subir entre 30% e 40% em relação ao ano passado, dependendo da região do país. À dificuldade de transporte, diz ele, soma-se a falta de estrutura para armazenamento de grãos.

"Não temos estruturas de armazenamento dentro das fazendas. No Brasil, só 15% das propriedades têm isso, enquanto nos Estados Unidos essa média é superior a 50%. Com os silos no campo, seria possível administrar melhor o estoque, mas o que acaba acontecendo é que o caminhão vira o próprio centro de armazenamento", diz Bertolini, que cobra medidas efetivas do governo para incentivar a construção dessas estruturas no campo.

Filas de caminhões têm segurado os motoristas até por 48 horas nas regiões de transbordo. Para dificultar a situação, a preferência dos caminhoneiros são os trajetos mais curtos, de até 300 km, o que também reduz a oferta do transporte.

Daniel Furlan Amaral, diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), avalia que o governo pode até recorrer a medidas paliativas e temporárias, como o corte do imposto de importação para quem traz alimentos de outros países, mas diz que isso não resolve o problema.

"Do ponto de vista interno, temos de trabalhar a questão da infraestrutura e condições que melhoram o ambiente de negócios. Temos de nos espelhar no que fizeram China e Estados Unidos, que investiram em modais de longo curso, como hidrovias, que é o melhor modal de transporte de grãos, e ferrovias. No ano passado, a participação das ferrovias caiu", disse Amaral.

A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) aponta que há 3,165 milhões de caminhões de cargas em geral, em seus diversos tamanhos, rodando pelas estradas brasileiras. Do lado dos profissionais do volante, as sinalizações são preocupantes. Cerca de 60% da carga nacional passa pelas rodovias.
"A verdade é que, infelizmente, a situação tende a piorar, porque os trabalhadores do setor estão envelhecendo e não tem havido renovação de profissionais no ritmo necessário", diz Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística).

Em janeiro, a NTC&Logística fez uma pesquisa com 400 empresas sobre dificuldades de contratar motoristas. Entre os entrevistados, 93% confirmaram que têm passado por problemas para conseguir encontrar profissionais.

"Vemos com preocupação o cenário, porque muitas empresas ficam usando os caminhões como armazém. Além disso, há falta de segurança e infraestrutura. O motorista parado não ganha nada. É um absurdo essa situação", diz Wallace Landim, diretor da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), que representa os caminhoneiros autônomos.

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