As mortes de seis prefeitos que administravam municípios em cinco estados nas últimas três semanas elevaram para ao menos 16 os óbitos provocados pela Covid-19 de governantes que assumiram ou foram reconduzidos ao cargo no último dia 1º de janeiro.
Os prefeitos tinham idades entre 43 e 65 anos e, em alguns casos, já não estavam no período de transmissão da doença, mas ficaram até mais de um mês internados devido às complicações decorrentes do coronavírus.
Das 16 mortes, 13 ocorreram nos últimos 42 dias, período em que os óbitos causados pela pandemia se aceleraram no país.
Em Itanhandu, no sul de Minas Gerais, Carlos Gonçalves da Fonseca (Podemos), 56, morreu na noite do último sábado (24), após mais de um mês internado no hospital da cidade.
Depois de assumir pela primeira vez como prefeito em 1º de janeiro, Carlinhos, como era conhecido na cidade mineira de 15 mil habitantes, foi internado em 20 de março com sintomas da Covid-19.
"Nosso prefeito lutou bravamente. Pessoa do bem, amigo, alegre, sempre preocupado com os mais necessitados", diz trecho de comunicado da Casa de Caridade Dr. Rubens Nilo. Ainda na noite de sábado, houve um cortejo pelas ruas da cidade.
O novo prefeito é Paulo Henrique Pinto Monteiro, o Paulinho (PSB), 27, que decretou luto oficial de três dias.
Também foi decretado luto, mas de sete dias, em Nova Olinda, no Tocantins, após a morte do prefeito Temistocles Domingos da Silva, o Temis (PSD), 50, que ocorreu no mesmo dia devido a complicações provocadas pela doença.
Em comunicado, a família do prefeito informou que Temis não estava em fase de transmissão da Covid-19 quando morreu, mas devido à comoção e aglomeração de pessoas, o velório foi restrito aos familiares. Ele estava intubado desde o dia 9. "Os sonhos do prefeito Temis estão vivos, continuaremos na luta por uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna", diz o comunicado da família.
O agricultor Jesus Evaristo Cardoso, o Jesuszinho (MDB), 65, assumiu o cargo com a morte de Temis.
No Rio Grande do Sul, o prefeito de Coxilha, Ildo José Orth (PP), 65, morreu na manhã do último dia 19 em decorrência de um infarto causado pelas complicações da Covid-19, de acordo com a prefeitura, que decretou luto de sete dias.
Orth estava em seu terceiro mandato e vinha de reeleição -estava no cargo desde janeiro de 2017. Seu corpo foi velado num ginásio poliesportivo, já que, segundo a administração, não havia mais risco de transmissão da doença. Quem assumiu o cargo foi João Manica (PP), 37.
Três dias antes, Jair Carniato (PTB), 62, que governava Taguaí (a 350 km de São Paulo), morreu em Londrina, município paranaense distante 237 quilômetros, onde estava internado.
Carniato chefiava a cidade pela quarta vez –antes da vitória no ano passado, foi eleito em 2004, 2008 e 2016.
"O povo de Taguaí está triste e chora a perda de um taguaiense que dedicou sua vida ao município. Será eternamente lembrado como o prefeito e amigo Jair Carniato", informa trecho de comunicado da administração.
O vice, Éder Carlos Fogaça da Cruz, o Edinho Fundão (Republicanos), 50, assumiu o cargo e como primeira medida decretou luto de três dias na cidade.
Também em São Paulo, João Carlos Rainho (PSDB), que governava Dirce Reis (a 611 km da capital), morreu aos 49 anos, no dia 7.
Depois de ter sido eleito vereador em 2004, Rainho disputou pela primeira vez a eleição à prefeitura e venceu com ampla margem de votos (64,33%) para governar a cidade até 31 de dezembro de 2024.
Mas contraiu Covid-19 e, desde março, estava internado num hospital de São José do Rio Preto. Com isso, quem assumiu a prefeitura foi seu vice, o agricultor Roberto Carlos Visoná (MDB), 53, que já tinha sido eleito prefeito em 2012. A cidade é uma das menos populosas de São Paulo, com 1.799 habitantes.
Já no Ceará, Ivanildo Nunes da Silva, o Dinho do Zé do Honório (PT), 43, prefeito de Palhano, morreu no dia 3 no hospital regional de Quixeramobim após complicações cardiorrespiratórias causadas pela doença.
Ele, que estava em seu segundo mandato, foi substituído no cargo pelo agricultor Chico do Joaquinzinho (PTB), 52.
As outras sete cidades que tiveram mudança no governo em março devido à morte do titular por Covid-19 foram Hortolândia e Guararapes, em São Paulo; Pitimbu e Coremas, na Paraíba; Campanário, em Minas; Vitória da Conquista, na Bahia; e São Jorge, no Rio Grande do Sul.
Outras três perderam seus governantes eleitos em 2020 em janeiro: Campo Largo, no Paraná, Goiânia e Ereré, no Ceará.