Até setembro deste ano, mais de 32 mil unidades de medicamentos falsificados ou importados ilegalmente foram apreendidas no Paraná pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). O número representa um aumento de 138% em relação ao mesmo período de 2024, quando 13,7 mil unidades foram apreendidas. As interceptações de 2025 superam, inclusive, os dados do ano passado inteiro, quando pouco mais de 26 mil unidades foram apreendidas pela PRF.
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Segundo a polícia, a maioria dos medicamentos apreendidos são substâncias utilizadas para favorecer o emagrecimento ou anabolizantes. Para Mariano Menezes, cirurgião bariátrico especialista no tratamento da obesidade em Londrina e região, o aumento pode estar relacionado à busca por padrões estéticos em detrimento da saúde e da qualidade de vida.
“A exposição das mídias sociais, a preocupação com o corpo e a manutenção de uma imagem que, teoricamente, seria a imagem adequada, faz com que as pessoas busquem métodos que muitas vezes não são saudáveis. E então recorrem a um tratamento, a um tipo de substância que o médico não indicou. Por isso que teve um aumento muito grande dessa procura”, analisa Menezes.
Os medicamentos apreendidos pela PRF costumam ser localizados sem os cuidados necessários para garantir a segurança do produto. Alguns exigem refrigeração com pequena margem de variação de temperatura. Entretanto, são transportados em condições totalmente inadequadas, ou em temperaturas muito baixas, em caixas com gelo, ou em altas temperaturas, escondidos dentro de equipamentos eletrônicos ou até mesmo na lataria de veículos.
Segundo Menezes, mesmo que sejam originais, os medicamentos podem ter sua composição modificada pelo excesso de calor ou umidade. “Uma medicação mal armazenada pode perder completamente o efeito desejado e às vezes até provocar reações das mais diversas formas possíveis. Esse é outro problema que a gente tem quanto ao risco de utilizar uma medicação que não foi armazenada ou conduzida da forma como deveria ser”, ressalta o especialista.
Atraídos pela facilidade de aquisição sem prescrição médica e pelo preço inferior ao do mercado regular, pacientes se expõem à compra de produtos falsificados. A PRF aponta que isso se torna um campo fértil para quadrilhas especializadas em falsificação, já que não há comprovação de origem e nem mecanismos de controle ou acompanhamento pós-venda.
Menezes explica que medicamentos para o tratamento da obesidade são patenteados e tanto os resultados esperados como os efeitos colaterais são profundamente estudados pelos seus laboratórios. Comprar medicamentos pelo fator preço sujeita o paciente a substâncias sem procedência e que podem causar um duplo prejuízo: efeitos colaterais não controlados ou, na melhor das hipóteses, ausência de resultados.
“A gente não sabe o que tem lá dentro [na composição’] e não sabe o que esperar dessa medicação tanto do ponto de vista de resultados positivos quanto também dos resultados negativos. Agora imagina uma pessoa ter um efeito adverso com uma determinada medicação que a gente não sabe o que é. Como que a gente vai tratar? Utilizar uma medicação falsificada, por mais barata que seja, é sempre um risco muito grande”, alerta Menezes.
Para a PRF, esse tipo de crime está associado a outros delitos, como o tráfico de drogas e o contrabando, sendo comum que criminosos realizem o transporte conjunto de outros produtos ilícitos de alto valor agregado, como o haxixe, um derivado da maconha.
O transporte e a comercialização de medicamentos sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), adulterados, falsificados ou sem comprovação de origem configuram crime previsto no artigo 273 do Código Penal. A pena prevista é de dez a quinze anos de prisão, além de multa.
(Com Polícia Rodoviária Federal)
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