Uma análise de 15 amostras de águas da chuva que atingiu Londrina no domingo (15) feita pelo Grupo de Física Nuclear Aplicada do Centro de Ciências Exatas (CCE) da UEL indicou a contaminação das precipitações por ferro, cálcio e outros elementos químicos.
A coleta ocorreu após um longo período de estiagem, marcado pela ocorrência de queimadas em todo o Brasil, que provocaram baixa qualidade do ar atmosférico, com formação de névoas de poluição.
As coletas ocorreram em 15 pontos diferentes da cidade e as amostras foram submetidas à técnica de Fluorescência de Raios-x por Reflexão Total (TXRF), que permite a identificação e quantificação de elementos em concentrações na ordem de Partes por Bilhão (ppb).
O estudo foi coordenado pelo professor do Departamento de Física Eduardo Inocente Jussiani, com a participação dos pesquisadores Avacir Andrello, João Marcos Lopes, Letícia Birelo e Aline de França.
Jussiani afirma que os eventos climáticos extremos necessitam ser amplamente estudados para que a população tenha noção real do seu impacto nas cidades e no meio ambiente.
Entre os elementos detectados, ferro e cálcio apresentaram as maiores concentrações. A alta presença de ferro pode estar associada à abundância de poeira no ar, decorrente do solo local ser naturalmente rico nesse elemento.
Por outro lado, a elevada concentração de cálcio pode estar relacionada às queimadas, tanto da região de Londrina quanto da região Amazônica, que geram os chamados “corredores de fumaça”, uma vez que a queima de madeira libera vários componentes, dentre eles o óxido de cálcio na atmosfera. Foi esse elemento que mais chamou a atenção do pesquisador João Marcos Lopes, já que “não é comum encontrar concentrações tão altas de cálcio na água da chuva”.
A concentração máxima foi de 720 mg/L. Além disso, elementos como alumínio, bário, cloro, manganês e zinco foram encontrados em concentrações até 15 vezes superiores aos limites estabelecidos em legislações ambientais. Outra análise realizada foi a de fotomicroscopia. As amostras foram analisadas diretamente, sem qualquer preparo ou tratamento, o que permitiu capturar com precisão as condições da água no momento da coleta.
Durante as análises, “foi possível identificar microrganismos, como bactérias e protozoários, cadeias de fungos, além de grande quantidade de material particulado na água da chuva”, conta a pesquisadora Letícia Birelo. O resultado da pesquisa deverá ser finalizado em até 30 dias e posteriormente enviada para publicação.
Para o coordenador do grupo, professor Avacir Andrello, “é importante fazer o monitoramento da qualidade do ar local, considerando que sofremos a influência de outras regiões”. O grupo planeja continuar monitorando a água da chuva, bem como outras amostras ambientais em Londrina.