Prefácio
Este novo livro da escritora curitibana Neyd Montingelli é a misteriosa trama policial, tecida de crime e castigo, culpa e paixão.
Neyd é casada com Tadeu Montingelli, tem 4 filhas. Psicóloga, com formação em Nutrição, Processamento de Alimentos e Laticínios, já servidora da Caixa Econômica Federal, tem 11 livros publicados. Seus textos brilham em mais 54 antologias.
Foi agraciada com os troféus Cecília Meireles, Federico Garcia Lorca e com o Troféu Melhores Cronistas, Responsabilidade Cultural da Juruá Editora e do Instituto Memória. Recebeu ainda as medalhas Monteiro Lobato e Melhores Poetas da Editora Mágico de Oz, além de outras.
Nas páginas que a esta sucede, os leitores encontrarão fascinante enredo, onde a reivindicação de uma herança surrupiada, junto com cartas jamais entregues ao seu destinatário, acabam por revelar os afetos e temores de uma tia encarcerada por longos 30 anos.
A ficção é ambientada em Barretos, cidade dos rodeios campeiros, no interior de São Paulo, lá onde as pessoas falam português carregando nos rrrs, e é mistério também saber como os cantores sertanejos entram dentro de suas justíssimas calças.
A trama contempla ainda nossa amada cidade de Curitiba, capital do Paraná, cenário escolhido para o exilio voluntário da personagem chave. Quis assim a autora homenagear a cidade onde vive, berço de seus ancestrais, os pioneiros imigrantes poloneses Makiolka.
Mas, voltando à ficção: o episódio que desencadeia o enredo é inusitado tiroteio dentro de uma sala de parto, num hospital de Barretos.
As crianças ali nascidas naquele instante têm suas vidas dramaticamente marcadas. Tudo provocado pelo amor impossível entre a filha de um policial, de tradicional família do interior paulista, e um bandido condenado e foragido, ligado ao tráfico de drogas e armas.
Contemporâneo, o drama retrata a ruptura social do Brasil dos nossos dias. Uma sociedade permeável às ambições intestinas onde as entranhas de posse tentam vencer o Amor e superar a Essência de Dádiva.
Há aqui muito sangue derramado. Afinal não está no Sangue toda a Esperança? Por que o Sangue que nos veste, que veste a nossa Humanidade, também tece nossas vestes luminosas.
Os sábios asseguram que assim é. Só quando estamos sofrendo é que os Anjos podem nos tocar. Peçamos, sempre, no ato de escrever, Neyd e eu, e também vocês, caríssimos leitores ou leitoras, que o Céu nos conceda a Palavra Perfeita, a que não pode ser aprendida. A verdadeira inspiração original.
Vale a leitura.
Rafael Greca de Macedo*
*Foi Prefeito de Curitiba (1993-1996), Ministro de Estado do Brasil, engenheiro urbanista do IPPUC, é membro da Academia Paranaense de Letras.