Tempestade
Você que sempre viveu
De tempestades, tinha
Que partir sob a
Pequena bonanza que
Precede o aguaceiro
Insano que alardeia...
Realmente viver não
É para os sãos, sóbrios
Viver é para os dementes.
Sonia Cardoso
*
Caminheira
Não me rendo, não me rendo,
Mesmo que me enrede, e na
Rede sofra os vilipêndios da
Vida, ando sempre na urdidura
Cruel da marcha cotidiana
Passos lentos sob a égide da dor
Mas ao fim me orgulho da
Caminhada claudicante, persistente
Em frente, em frente, sempre.
Sonia Cardoso
*
Primavera
Você chegou mais cedo
Anunciou-se em olores
Retumbantes e tapetes
Vermelhos, amarelos e
Lilases pungentes
O astro-rei brilhou e
Brilha, majestoso,
Agora que está mesmo
Em sua época, Ó Demeter!
Junte-se a mim
Pedindo ao Criador
Para fazer a primavera
Chegar ao meu coração.
Sonia Cardoso