OS DEUSES TAMBÉM DIZEM ADEUS
Naquele dia você me olhou
como quem fita um deserto,
escorregou um sorriso pelo canto da boca
como quem me atira ao precipício mais fundo do mundo.
A caverna estava aberta,
eu vi como você se movia,
saindo pelas paredes
como quem brinca de revelação.
Nós, homens, aqui fora no mundo,
mergulhados no vazio sem lembranças,
mal sabemos por quanto tempo
faremos da vida um caminho sem direção.
Naquele dia
- guardião dos segredos -
você sabe que eu soube:
os deuses também dizem adeus!
(Nic Cardeal, na Antologia 'A arte poética de Carlos Zemek' (e-book), organização de Isabel Furini, maio/2020)
Poema inspirado no quadro 'O guardião da caverna', de Carlos Zemek.