Quebrar todas as regras,
desacreditar todos os anexins,
viver sem um laivo de mágoa,
porque quem espera, desespera
e eu vivo todos os dias o fim.
A lâmina que seguro pelo fio
Me corta a carne e rio.
Rio, porque o rio em que navego
Vai acabar no mar...e me deixo levar e
Meu pensamento, como meu sangue escorre
Arrebenta, ferve...queima...
Como uma torturada que se conserva viva,
Pra que fale, pra que escreva, pra que grite
Antes que morra...
Antes que morra... se morta já estava,
Porque a vida nada mais é do que sedução e miragens
Cogitações, assombros, encantos fugazes.
O sol que ilumina queima, o amor que incendeia
É cinza no fim.
Tudo nos escorre pelos dedos como água,
Por isso nada mais quero possuir, além de mim.
Vera Albuquerque
Vera Albuquerque é escritora, poeta e presidente da editora Bolsa Nacional do Livro.