o calígrafo flutua pela caixa torácica
pluma de ômega, raio de olho violeta
e lábio carmesim
o ciberespaço pontuado
por pássaro hípico
marinho
sua vesícula clara
repleta de aparições
ondulatórias
rasantes, cortes, ravinas
eu, pulmonar aeronave
crivo as garras esticadas
rente ao plexo pontilhado
do sol
é lúdica a liturgia
um ser se eleva pela cosmogonia
das asas
em minha garrafa de gênio
inervada e motora:
uma espinha dorsal ramifica
em trauma etéreo
animo-a, sensitiva lâmpada.
e no plasma fundamento
da vértebra
pavônia poeta
me sopra pelos dedos:
a dor é uma neblina
táctil,
voa.
Andréia Carvalho Gavita é autora do livro de poemas Hábito Escarlate
Pintura de Carlos Zemek - artista plástico e curador, participou de exposições no Brasil, Argentina e Portugal.