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Apego além da vida - Poema de Isabel Furini

19 dez 2016 às 19:08
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A velha mansão tem alma
e alimenta um fantasma
é o fantasma de Adelinda
ela morre de nostalgia
nostalgia de outros tempos
de festas e de alegrias

morreu em plena juventude
e sua alma está muito triste
sem pausa dorme Adelinda
com um vestido de seda
em um caixão de aroeira
esperando o seu príncipe
mas o príncipe não chega

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no horário do ocaso
o vento agita as janelas
e a moradora já morta
(prisioneira do passado)
está imobilizada
sente-se acorrentada
pelos próprios pensamentos
e pelas cinzas do tempo

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chora e chora - caem lágrimas
chora cardos e espinhos
porque Adelinda não acorda
no mundo astral e está escrito
no pergaminho de um hierofante
que viveu no Antigo Egito
"mortos precisam acordar
no poderoso mundo astral
para escolher outro caminho"

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essa mansão e a finada
são prisioneiras do destino
Adelinda odeia
seu príncipe encantado
ela está sempre deitada
com sua alma prisioneira
em um caixão de aroeira


mas um dia duas crianças
entram pela janela
e Adelinda acorda
de seu sonho de madeira
a luz do Sol entra
pela janela já aberta
Adelina sorridente
percebe que não precisa
ficar amarrada às lembranças


eleva-se Adelinda
e o casarão se ilumina
eleva-se Adelina
com os raios do Sol
e os Anjos contentes cantam
uma canção de perdão.

Isabel Furini


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