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A precisão do som - Crônica de Solange Rosenmann

03 jan 2022 às 08:31
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Diante da casa de madeira, em marchetaria, acompanhei silenciosamente cada movimento. A corrente com seus badalos, demonstrando precisão, e seu orgânico vigor presente na alegria de um pássaro cantor.
Meu silêncio buscava entender a arte que ali se apresentava, naquele conjunto de compartilhamentos. Era a árvore, de madeira escura, com seu visitante alojado num ninho da trama de gravetos e folhas. Era o metal pesado forjado  em corrente de elos com acabamento decorado, lembrando o domínio de técnicas que traziam a presença humana.
Relacionados ao simbolismo numérico, apontado por dois ponteiros um pequeno e outro maior, a marcação do tempo. Junto ao artesanal domínio do ferro e fogo, um mecanismo escondido se movia delicadamente lembrando um balé. Apresentava a sutileza industrial, provando e provocando o avanço do animal homem.
Quando dei por mim a transparência da ampulheta, em seu estreito buraco, permitia a areia transitar entre extremos. Da verticalidade declinando ao novo horizonte, para ressignificar o próximo olhar aos céus, percebi o inconsequente grão a grão a aplainar um novo habitat telúrico.
Aqui ainda estou, presa na linguagem da precisão, acolhendo e sublimando a incompreensível demarcação temporal da evolução. Dessa que resguarda emoção e narrativa histórica, entre gerações de um Agora, sob e sobre o som de rolhas que saúdam 2022.

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