O último livro de George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Bair) é perturbador, e ainda comove os leitores. É interessante lembrar que foi publicado em 1949, e nestes dias, começo de 2017, o livro voltou às prateleiras das grandes livrarias. Lembro-me que nos anos 70, quando estudava filosofia em Buenos Aires, era um dos livros que foi lido e comentado.
O herói do livro "1984" (Editora Companhia das Letras, 416 páginas) é Winston (que tem o rosto de um homem de uns 45 anos), vive em uma sociedade dominada pelo Estado. Cada um vive sozinho, mas tudo é realizado de maneira coletiva. O Grande Irmão (a representação de um poder tirânico e cruel) vigia a todos. Ninguém consegue fugir de seu olhar. O líder do partido explica que só está interessado no "poder pelo poder". Ou seja, o centro da obra é a neurose pelo poder. É o poder incontestado, opressor, torturador, sem possibilidade de fuga, sem chances de liberdade. É uma obra sobre a neurose pelo poder e suas consequências.
Fragmento do livro: "Winston avançou para a escada. Não adiantava tentar o elevador. Mesmo quando tudo ia bem, era raro que funcionasse, e agora a eletricidade permanecia cortada enquanto houvesse luz natural. Era parte do esforço de economia durante os preparativos para a Semana do Ódio. O apartamento ficava no sétimo andar e Winston, com seus trinta e nove anos e sua úlcera varicosa acima do tornozelo direito, subiu devagar, parando para descansar várias vezes durante o trajeto. Em todos os patamares, diante da porta do elevador, o pôster com o rosto enorme fitava-o da parede. Era uma dessas pinturas realizadas de modo a que os olhos o acompanhem sempre que você se move. O GRANDE IRMÃO ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ, dizia o letreiro, embaixo." (1984, George, Orwell, Companhia das Letras)