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Entrevista coordenador de ambientes de inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo Marcelo Caldeira Pedroso – Parte I

06 out 2025 às 06:00

1) O Estado de São Paulo tem uma divisão nos seus ambientes de inovação. Há os parques tecnológicos, os centros de inovação tecnológica, e as incubadoras de empresas de base tecnológica. Peço que o senhor explique o papel de cada um e por que o estado criou essa divisão entre os ambientes de inovação, já que todos eles são instituições sem fins lucrativos que recebem recursos públicos?


Os ambientes de inovação são locais projetados para atrair diferentes stakeholders associados à economia do conhecimento que atuam de forma colaborativa visando ao desenvolvimento econômico e social. Dentro desse objetivo geral, os ambientes de inovação podem assumir diferentes papéis. Os parques tecnológicos geralmente atuam com empresas estabelecidas instaladas ou conectadas aos parques, bem como com startups em estágios mais avançados (ex.: crescimento ou growth). As incubadoras geralmente atuam com startups em estágios iniciais (early stage). Os centros de inovação podem assumir um papel mais abrangente.


2) O Estado de São Paulo é o estado que mais investe em pesquisa e ciência no Brasil, notadamente por meio de suas universidades e a Fapesp. Porém, o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI) também se utiliza de recursos de empresas privadas, sobretudo nos parques tecnológicos. Peço que o senhor detalhe de que maneira ocorre esse investimento privado e de que forma ele é determinante para o sucesso do SPAI.


Tipicamente, as atividades de inovação e empreendedorismo são financiadas tanto pelo capital privado quanto público. O investimento privado está notadamente correlacionado ao interesse e aos incentivos para o aporte do capital privado. Assim um dos papéis dos parques tecnológicos consiste em atrair o capital privado e utilizá-lo para fomentar a inovação e, consequentemente, o desenvolvimento econômico e social.


3) Em minha tese de doutorado, defendida pela Universidade Metodista de São Paulo em 2018, analisei o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPPT) a partir de dados coletados de 2013 a 2016. Dentre os resultados alcançados em minhas pesquisas, observei que poucos parques tecnológicos recebiam aportes de empresas privadas, o de São José dos Campos se destacava positivamente, diferente da maioria; e havia reduzida participação das empresas privadas nos programas e projetos, o que comprometia não apenas os investimentos, mas também o desenvolvimento de inovação. O que está sendo feito para melhorar esse cenário?


Uma das políticas do Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI) aborda a articulação do ecossistema de inovação e empreendedorismo e o incentivo para a atuação em rede por parte dos ambientes de inovação. Nesse sentido, uma das formas de incrementar a participação das empresas privadas consiste em alinhar os incentivos para que essas empresas possam ampliar sua participação no ecossistema e, consequentemente, os investimentos em inovação.


*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).

Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.

@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter

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