Eu vivo futebol e esporte diariamente. Já são mais de trinta anos nessa vida, nessa angústia semanal atrás de uma vitória, de um bom resultado.
Não sou daqueles que só torcem em épocas de Copas do Mundo, sou daqueles que passa o dia inteiro envolvido com isso.
O selecionado japonês, apesar de uma campanha vergonhosa, conseguiu passar a fase de grupos e foi eliminado logo no primeiro jogo do mata-mata. Perdeu nos penaltis para o Paraguai, talvez no jogo mais feio desta Copa. No total, marcou apenas quatro gols e levou dois.
Apesar de uma campanha desse nível o selecionado foi recebido com uma festa emocionante quando desembarcou em Osaka. Toda a equipe foi levada para uma entrevista coletiva onde os jogadores puderam expor seus sentimentos, onde o treinador agradeceu a união dos atletas, onde agradeceu os integrantes da Comissão Técnica, onde agradeceu os patrocinadores, onde agradeceu os torcedores. Disse que apesar do resultado, acredita ter deixado uma pequena semente para o futuro, pois se não conseguiu trazer mais vitórias, conseguiu mostrar ao país um time lutador, unido, sem estrelismos, com objetivos concretos. Assumiu a culpa por não ter sido mais ousado, mais ofensivo.
Da mesma maneira, os torcedores agradeceram mostrando gratidão pelos dias de expectativas, pelas comemorações e vibrações até de madrugada. Pela chance de comemorar e conhecer novos amigos, pela esperança acesa. Mesmo sabendo da fraqueza da equipe, sentiram empenho e profissionalismo dos jogadores.
Foi uma saudação muito bonita, muito esclarecedora. Apesar do cansaço da viagem e da decepção pela eliminação, nenhum membro da equipe ficou ranzinza, de biquinho.
Aí, me peguei pensando e lembrando nas agressões que sofrem os jogadores brasileiros, o Dunga, os felipes mellos e kakas da vida. Fiquei um pouco envergonhado só de pensar que eu também poderia estar cego, fanático.
Não, não estou e nunca estive... mas senti vergonha do mesmo modo.
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