O Japão, em certos aspectos, é um país medieval. Por ser um país de primeiro mundo, rico e sem graves problemas sociais, muita coisa precisa melhorar. Na área esportiva eles precisam encontrar alguns ídolos, pois são exatamente eles que fazem a garotada sonhar. Quem nunca ouviu falar de Pelé, Airton Senna, Ronaldinho, Joaquim Cruz, Nelson Piquet, Kaká, Xandó, Montanaro, Marcel, Hortência, Oscar, Paula e por aí vai.
Aqui não tem ninguém que puxe a fila. O povão e as crianças esperam ano após ano o surgimento de algum atleta que mexa com a rapaziada. Só para vocês terem uma idéia, o basquetebol inexiste, o vôlei mais perde do vence, natação vive de um atleta só, o futebol perdeu a semana passada para a Coréia.
Um japonezinho vindo de Hokkaido foi o representante do país no snowboard em Vancouver. Até um recém nascido esperava uma medalha no peito do rapaz, mas dessa vez não deu.
Kazuriho Kokubo, 21 anos, barbicha e cabelos jamaicanos foi repreendido porque não se apresentou vestido adequadamente no embarque da delegação. Eles estava com o uniforme do time, mas a gravata não estava alinhada, a camisa um pouco amassada e as calças levemente arriadas.
Não pôde nem ficar junto aos companheiros durante o desfile e a faculdade onde estuda cancelou os preparativos da torcida organizada. O diretor falou claramente que foi porque ele causou profundo mal estar para o país.
É verdade que o menino é feinho, mas como não estamos num desfile de modas e ele não é candidato à modelo, acho tudo foi exagerado.
Foi chamado para se desculpar publicamente, perdeu a motivação e a competição, foi até o aeroporto e já está de volta ao Japão.
Interessante é que em outros esportes existem atletas quatrocentas vezes piores do que ele e ninguém fala nada. Acho que a coisa só ficou desse jeito porque ele saiu do padrão imposto pela sociedade e você sabe, aqui no Japão ser diferente é insubordinação.
Não tem ídolos e parece que não vai ter. E se tiver, vai ser alguém de cabelos pretos, olhos puxados e que gosta de yakisoba. Novidade, né?
Abaixo o cancelamento da torcida na faculdade.