Três dias após vazamento de informações sobre cortes nos preços dos combustíveis pelo governo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, admitiu nesta sexta-feira (12) que a empresa deve anunciar reduções na próxima semana.
A antecipação dos reajustes pelo palácio do Planalto, com grande antecedência, se tornou alvo de críticas entre minoritários e o setor de combustíveis, que já sentem impactos da redução dos pedidos de renovação de estoques à espera dos preços mais baixos.
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Em entrevista nesta sexta, Prates disse que trará na próxima semana novidades sobre política de preços. "Há uma chance de que, ao tratar desse assunto na semana que vem, a gente faça avaliação dos [preços dos] combustíveis", completou.
Ele não adiantou, porém, datas nem detalhes sobre o que será divulgado em relação a política de preços, alegando que não quer "dar spoiler".
Eventual corte nos preços responde à redução das cotações internacionais do petróleo. Segundo dados dos importadores, a gasolina vendida pela estatal está hoje R$ 0,39 por litro acima da paridade de importação. O diesel está R$ 0,28 mais caro.
As primeiras notícias sobre cortes nos preços surgiram na quarta-feira (10), após reunião de Prates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia seguinte, parlamentares, influenciadores alinhados e até um ministro inundaram as redes sociais com informações sobre o tema.
Eles celebravam que o preço da gasolina será reduzido em R$ 0,30 por litro, o do diesel, em R$ 0,10 por litro, e o do gás de cozinha, em R$ 15 por botijão de 13 quilos. Uma montagem com o rosto de Lula, dizendo que o governo anunciou corte no preço do gás de cozinha começou a circular.
"Ótima notícia: botijão de gás de cozinha vai ficar R$ 15 mais barato a partir da semana que vem!", escreveu na quinta (11) o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.
"Boa notícia! O governo acaba de anunciar redução no preço do botijão de gás de cozinha. O gás vai ficar R$ 15 mais barato a partir da semana que vem! Faz o L!", repercutiu o senador Humberto Costa (PT-PE), citando o ministro como fonte.
A antecipação dos cortes contraria a estratégia de divulgações da Petrobras, que geralmente anuncia reajustes em comunicados ao mercado, com início de vigência no dia seguinte. Por isso, se tornou alvo de críticas tanto entre minoritários da empresa quanto no setor de combustíveis.
A divulgação em comunicados tem o objetivo de garantir isonomia no acesso a informações que podem influenciar o desempenho das ações da companhia. É feita na véspera dos reajustes para tentar minimizar impactos sobre o mercado de combustíveis.
Executivo de uma grande distribuidora ouvido pela Folha diz, por exemplo, que os pedidos de compras dos produtos pelos postos costumam crescer antes de aumentos nos preços, em um movimento conhecido como "pré-alta".
No caso atual, as empresas já sentiram uma redução no volume de pedidos, com os postos à espera dos novos preços mais baixos, mesmo sem detalhes sobre quando serão os reajustes nem confirmação oficial dos valores.
Ainda na noite de terça, a Petrobras se viu obrigada a enviar à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) um comunicado negando a decisão sobre os reajustes.
"A Petrobras, em relação às notícias veiculadas na mídia, esclarece que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios, em razão do contínuo monitoramento dos mercados", afirma o texto.
Questionado sobre a antecipação de informações ao governo, Prates negou à Folha de S.Paulo que a estatal tenha antecipado os reajustes ao governo e disse que as reuniões com o governo debatem temas referentes ao mercado nacional de combustíveis.
"É natural que a Petrobras, empresa que tem como acionista controlador o governo, faça esse diálogo. Daí a antecipar preços, pessoas do governo, políticos, influencers e tal vaticinarem quanto vai baixar esse ou aquele combustível, fica por conta de qualquer um", afirmou
"O anúncio oficial é feito pela Petrobras no devido dia e na devida hora, com antecedência inclusive à abertura do merca do financeiro. Não estamos descumprindo essa regra e tudo que estiver saindo de adivinhação de preços, quanto vai baixar quanto não vai, é pura especulação das pessoas."