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Compra da Unidas pela Localiza deve encarecer aluguel de carro

Daniele Madureira/Folhapress
16 dez 2021 às 11:12

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- Pixabay
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Os efeitos da compra da Unidas pela Localiza, aprovada nesta quarta-feira (15) pelo Tribunal do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), devem representar aumento do preço da locação de veículos para o consumidor final.


Conforme apurou a reportagem, a Unidas era a concorrente que procurava apresentar o preço mais competitivo, tanto de locação de veículos (RAC, do inglês rent a car), quanto de gestão e terceirização de frota (GTF, quando as empresas alugam veículos para as suas atividades), em comparação às principais rivais -Localiza e Movida.

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Na média, o preço praticado pela Unidas era de R$ 80 por locação de um carro 1.0, com direção hidráulica e ar-condicionado, enquanto o mercado em geral chegava a praticar quase o dobro do valor, cerca de R$ 150 a diária. Com isso, a Unidas promovia maior competição no setor, forçando especialmente as grandes concorrentes Localiza e Movida a reajustar para baixo suas tabelas.

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Fonte que acompanha o setor informou à reportagem, sob a condição de anonimato, que agora a Localiza "engoliu" a principal competidora em preço. Isso porque, para que a fusão seja concretizada, o Tribunal do Cade estabeleceu a venda da marca Unidas.

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Para quem fica com o terceiro lugar, a Movida, as notícias não são necessariamente ruins em um primeiro momento: com o aumento do preço médio no mercado de locação de veículos, a Movida vai recompor as suas margens, aumentando o faturamento.


Por três votos a favor e dois contra, o Tribunal do Cade também aprovou a fusão sob as seguintes condições: a empresa resultante da operação deve vender parte da sua frota de veículos para locação e parte da sua frota de seminovos. O que chamou a atenção foi o fato de o Tribunal manter essa quantidade de veículos em sigilo, assim como o prazo que as empresas têm para se desfazer da frota.

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A nova empresa formada por Localiza e Unidas também deve se comprometer a não realizar novas aquisições no mercado RAC por três anos, notificando o Cade a respeito de qualquer operação nos dois anos posteriores; notificar o tribunal sobre as operações de GTF pelo prazo de cinco anos; e não contratar executivos chave da concorrência pelo prazo de cinco anos.


Relatório do banco Goldman Sachs, assinado pelos analistas Bruno Amorim e João Frizo, informa que o Tribunal foi além dos remédios que haviam sido sugeridos em setembro pela Superintendência Geral do Cade -embora os números de desinvestimento não tenham sido divulgados.

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Os analistas estimam que a frota a ser vendida seja de 71 mil veículos, o que representaria uma redução de 15% no tamanho original da nova empresa. "Notamos que o Cade apontou que carros e lojas a serem vendidos devem estar localizados principalmente em cidades em que a Movida (3º maior player) não está presente, e/ou localidades em que o menor competidor tenha baixa presença", diz o relatório.


Para os analistas, a decisão é favorável para a Localiza, uma vez que a fusão vai criar potenciais sinergias.

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"Notamos, no entanto, que o número de carros a serem vendidos permanece confidencial (embora seja maior do que o valor previamente negociado com o Superintendência do Cade) e a venda da marca Unidas trazem incertezas adicionais para as perspectivas do negócio, especialmente no segmento RAC, onde acreditamos que a marca desempenha um papel mais importante no envolvimento do cliente", afirmam.


Agora, a Localiza precisa encontrar um comprador para os ativos a serem vendidos, o que deve ser aprovado pelo Cade, como condição para que o negócio seja concluído. O prazo para isso, porém, não foi divulgado.

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Em comunicado divulgado ao mercado, a Localiza informou que já está em negociações com potenciais compradores para venda dos ativos.


Na opinião de Paulo Miguel Jr., presidente da Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), ainda é difícil falar sobre os efeitos da fusão, uma vez que não se sabe ao certo quantos dos ativos da nova empresa serão vendidos.

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"A princípio, olhamos a decisão com um pouco de precaução", diz o executivo. "Esperamos que os remédios determinados pelo Cade possam dar origem a uma terceira grande empresa, depois de Localiza e Movida, que possa contribuir para uma concorrência saudável no mercado".


A frota das locadoras está estimada em 1 milhão de veículos hoje no Brasil. Deste total, cerca de 28% são da Localiza, 18% da Unidas e 12% da Movida. Ou seja, Localiza e Unidas somadas atingem 46% da frota do setor.


São as três únicas do mercado que somam mais de 100 mil carros cada uma. Os 42% restantes estão divididos entre 15 empresas de médio porte, como a Ouro Verde, com frotas de 15 mil a 50 mil veículos, e cerca de 11 mil pequenas, com atuação local.


Em outubro, reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que foram vendidas 21,4 milhões de diárias no mercado de locação para pessoa física no ano passado. Desse total, a Localiza respondeu por 67,8%, a Movida por 23,6% e, a Unidas, por 4,1%, segundo dados da Lafis Consultoria.


Ou seja, Localiza e Unidas concentram 72% do mercado de locação, que faturou R$ 7,8 bilhões no ano passado. Considerando também a gestão de frota terceirizada (segmento em que a Unidas é mais forte), a receita atingiu R$ 17,6 bilhões em 2020.


Raio-X


*Localiza

Fundação - 1973, Belo Horizonte (MG)

Funcionários - 5 mil

Frota - 273,3 mil

Receita líquida* - R$ 2,7 bilhões


*Unidas

Fundação - 1985, Belo Horizonte (MG)

Funcionários - 2,3 mil

Frota - 180,8 mil

Receita líquida* - R$ 843,7 milhões


*terceiro trimestre de 2021; Fonte: empresas e Goldman Sachs

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