Antenados

Wagner Moura critica Temer em entrevista e Estadão se recusa a publicar

17 mai 2016 às 10:14

A entrevista que Wagner Moura deu para o jornal gaúcho Zero Hora e para o tradicional Estadão, sobre o fim do Ministério da Cultura causou muita polêmica nesta terça-feira (17). Segundo o ator, apenas o tabloide Zero Hora divulgou a matéria. O motivo do jornal paulista de não publicar o texto foi as duras críticas de Moura ao governo Temer.

O global sempre demonstrou abertamente seu repúdio ao processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. E foi o mesmo, quem procurou os dois meios de comunicação para a publicação do texto.


O texto é um tipo de manifestação, que mostra o ponto de vista do ator sobre a decisão do presidente interino, Michel Temer, de fundir a pasta de cultura à educação criando o Ministério da Educação e Cultura (MEC), liderado por Mendonça Filho.


Além de Mendonça, outros 20 ministros foram nomeados para formar a nova equipe de Temer no governo. Nesta terça, houve mais uma alteração nos cargos. Temer exonerou da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o jornalista Ricardo Melo.


Até o momento, o Estadão não se pronunciou sobre a situação. O jornal Zero Hora publicou o texto na íntegra nesta segunda-feira (16).



"Escrevi essa resposta-texto para jornalistas do Estado e da Zero Hora que queriam minha opinião sobre a extinção do Minc. O Zero Hora vai dar. O Estado se recusou", disse Moura.


Confira na íntegra a opinião do ator:

"A extinção do Minc é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo. O pior ainda está por vir. Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe. Começaram transformando a Secretaria de Direitos Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça. Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também: tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013. Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais. Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de Moraes. Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas, era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a seu favor (?!!!).


Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos. Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo. Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a extinção "do antro de esquerdopatas", referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.


Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso possa ter sido nocivo para o Brasil?! Como pensar que o país estará melhor sem a complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior? Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo.


E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a Cultura da esplanada dos Ministérios... Faz sentido. Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio. Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil. Ótimo. Pra que cultura? Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na redação da Veja: "Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura! Viva o Brasil!" Trevas amigo... E o pior ainda está por vir. "

(Com informações do UOL)


Continue lendo